São Paulo A crise na Volkswagen não deve gerar um efeito dominó nas demais montadoras. As empresas do setor reclamam de perda de contratos externos por causa da valorização do câmbio e reduziram os programas de exportação, mas não há perspectivas de corte em massa de pessoal. A indústria automobilística ainda trabalha com projeções de exportar este ano o valor recorde de US$ 11,5 bilhões 2,7% a mais que em 2005.
"Todas as empresas são severamente afetadas pelo impacto do câmbio, mas não dá para dizer que o modelo Volkswagen vai se estender para o setor, pois cada companhia tem sua especificidade", diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb.
Mesmo com o anúncio da Volks de que vai vender 100 mil unidades a menos no mercado internacional e os cortes já previstos pelas outras empresas, a Anfavea mantém a projeção feita em dezembro, que já previa a desaceleração das exportações. A Volks é a maior exportadora de carros do país 42% de sua produção vai para o exterior e, por isso, é a mais afetada pela crise cambial. Fiat, GM e Ford dependem bem menos do mercado externo.
O caso da Volks, segundo analistas, vai além do problema cambial. Passa pela necessidade de reestruturação da operação no país, vista como ultrapassada. "A fábrica Anchieta é a mais ineficiente do mundo", diz o especialista em indústria automotiva e presidente do Lean Institute, José Roberto Ferro. É nessa fábrica, a mais antiga do grupo, instalada no ABC, que a reestruturação deve afetar mais trabalhadores 3.672, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O grupo tem cinco fábricas no Brasil e emprega 22 mil pessoas. A filial de caminhões em Resende (RJ) e a de motores em São Carlos (SP) não são citadas no plano de cortes.