- Agência Estado
Nome da doença gera questionamentos
A Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) enviou ontem um e-mail aos ministros da Saúde, José Ramos Temporão, e da Agricultura, Reinhold Stephanes, registrando "profunda preocupação" da entidade com a qualidade das informações que têm sido transmitidas à sociedade brasileira sobre a influenza da América do Norte.
O pânico gerado pela iminência de uma pandemia de gripe suína e a falta de informação sobre a doença irão afetar o consumo mundial de carne de porco, mas a queda deve ser passageira, avalia Osler Desouzart, da OD Consulting. No longo prazo, contudo, o horizonte é promissor para o Brasil, segundo o consultor. Com exceção da febre aftosa, o Brasil tem sido zona isenta em todos os episódios recentes de doenças sanitárias animais no mundo, argumenta. "O consumidor não é bobo. Mais à frente, vai descobrir que o Brasil tem sanidade extraordinária de todos os seus rebanhos, inclusive nos suínos, e o país irá ganhar espaço no suprimento mundial de proteínas animais", afirma Desouzart.
Mais otimista, o presidente da Coopavel, de Cascavel (Oeste), Dilvo Grolli, acredita que as barreiras levantadas à carne do México e Estados Unidos podem, inclusive, abrir as portas do cobiçado mercado japonês para a carne de porco do Brasil. Além de ser o maior importador do mundo, o Japão é um mercado que, por demandar cortes específicos e personalizados, remunera melhor. "E a janela para chegar a esse mercado é Santa Catarina, que é o único estado brasileiro livre da febre aftosa sem vacinação", diz Grolli, explicando que os principais países importadores de carne suína (entre eles o Japão) exigem que todo o rebanho de animais de casco fendido (como bovinos e suínos) seja livre de doenças sanitárias sem vacinação.
Para Desouzart, o Brasil está, de fato, preparado para preencher lacunas no mercado internacional de carne suína, mas o processo de expansão será lento. "A abertura comercial não depende de um fator só", diz, referindo-se aos embargos levantados por China, Coreia do Sul, Indonésia, Filipinas, Líbano e Rússia à carne de porco e derivados do México e de três estados norte-americanos (Texas, Kansas e Califórnia). "Acordos bilaterais levam tempo, não acontecem da noite para o dia", diz o consultor. Ele lembra que o mercado chileno, por exemplo, ainda está fechado para o Brasil.
Se a gripe suína irá ou não impactar no mercado brasileiro, só o tempo dirá. Por ora, a indústria garante que não houve cancelamento de embarques ou recuo das vendas. A Coopavel, por exemplo, afirma que o surto não coloca em xeque os planos de aumentar sua participação no mercado exportador. Hoje, segundo Grolli, cerca de 20% da sua produção é enviada para fora do país. No ano passado, a cooperativa produziu 2,7 mil toneladas de carne de porco.
Em todo o país são produzidas anualmente cerca de 3 milhões de toneladas, o que coloca o Brasil na quarta colocação no ranking mundial. O Paraná produz perto de 500 mil toneladas, atrás de Santa Catarina, com mais de 700 mil.
Prejuízo recorde ressalta uso político e má gestão das empresas estatais sob Lula 3
Moraes enfrenta dilema com convite de Trump a Bolsonaro, e enrolação pode ser recurso
Carta sobre inflação é mau começo para Galípolo no BC
Como obsessão woke e negligência contribuíram para que o fogo se alastrasse na Califórnia
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast