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Condor faz 40 anos em boa forma

 | Henry Milléo/Gazeta do Povo
(Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo)

O sonho do empresário Joanir Zonta, de 63 anos, quando começou no setor de supermercado, em 1974, era ter seu negócio em um imóvel próprio, com o depósito no subsolo, a loja no térreo e um apartamento no andar superior. Quarenta anos depois, ele comemora a conquista, em escala muito maior do que imaginava quando comprou o primeiro mercadinho de bairro, em Curitiba.

Instalado na nova área administrativa da sede da empresa, no Pinheirinho, Zonta desfruta de uma estrutura semelhante à que planejava ser ideal 40 anos atrás. A loja, uma das 38 em operação em 14 cidades, está em plena atividade no térreo. Dois pisos acima, no fim do corredor, o escritório exibe os mesmos móveis comprados há 32 anos. É ali que faz suas refeições diariamente, acompanhado pela família e parte da equipe. Uma suíte reservada garante o lugar ideal para o descanso após o almoço. "Nos últimos 30 e poucos anos, eu tirei um cochilo no sofá", conta.

A infraestrutura que garante o conforto do fundador da Rede Condor, com 10,6 mil funcionários e 3,7 milhões de clientes por mês, não impõe mais rotinas extenuantes de trabalho. Hoje, Zonta cumpre expediente comercial na empresa. Mas já trabalhou mais de 14 horas por dia.

Nos primeiros meses à frente do negócio, quando comprou o mercadinho Biasi, na vizinhança da unidade do Pinheirinho, foi o responsável pelo fornecimento de mantimentos para as cozinhas das obras da refinaria da Petrobras, em Araucária, em 1974. "Começava a preparar as entregas do café às 3 horas da manhã. Como eles não tinham geladeira, o abastecimento era feito também na hora do almoço, à tarde e no jantar. Foi a refinaria que deu o primeiro impulso ao Condor", conta.

Em três meses, o abastecimento das cozinhas fez dobrar o faturamento do mercadinho. No ano seguinte, Zonta deu início à construção dos imóveis próprios que hoje abrigam as unidades da sexta rede nacional de hipermercados. A loja de 300 m² começou a operar já com capacidade esgotada.

Para aprender sobre o setor, o empresário observava bem de perto a concorrência. "Eu trabalhava no abatedouro com meu pai, sabia fazer banha e linguiça. Para aprender sobre mercado, corria para o Jumbo quando fechava minha loja e olhava como eram distribuídas as linhas de produto, as instalações. No dia seguinte, fazia as mudanças aqui", diz.

Uma das primeiras alterações na operação foi trazer as marcas que estavam nas prateleiras dos concorrentes. A clientela aprovou a novidade e o movimento cresceu. Difícil era convencer os fornecedores que o rapaz de pouco mais de 20 anos não estava brincando de varejista. "Consegui mais crédito quando já estava construindo o primeiro supermercado, com 1.000 m², onde hoje é a sede da empresa", lembra.

Expansão

Depois de dominar a administração de uma loja, Zonta partiu para a primeira filial, em 1979. A compra da loja de um concorrente na Avenida Brasília, no Novo Mundo, marcou o início da expansão. Por pouco, o negócio não deu certo. No dia da inauguração, o empresário recebeu o oficial de Justiça que tentava interditar o estabelecimento para ressarcir dívidas do INSS do antigo proprietário. "Um advogado me aconselhou a desfazer o negócio. Assumi o prejuízo para não perder o investimento e mantive a loja", lembra.

Plano Cruzado quase fechou o negócio

O dia é inesquecível para a memória afiada do empresário Joanir Zonta. O anúncio do Plano Cruzado, em 28 de fevereiro de 1986, marcou o período mais difícil na trajetória da empresa. "Foi o pior dia da minha vida", avalia. Preços congelados e negociações engessadas com fornecedores provocaram desabastecimento nas gôndolas. Para não abrir mão de marcas consagradas, os produtos eram vendidos a preço de fábrica. "Esperava o jornal na porta da Gazeta para ver o noticiário, às 4 da manhã, e traçar a estratégia com a equipe para o dia", conta. Na época, o Condor tinha 14 lojas.

A casa só foi arrumada em 1990. Oito anos depois, com a chegada de grupos internacionais no mercado local, Zonta enfrentou novo dilema: vender a empresa ou permanecer no negócio. A decisão de expandir e modernizar a rede exigia investimentos. Entre buscar um sócio e recorrer aos bancos, ele ficou com a segunda opção.

A decisão foi essencial para formatar o atual modelo de negócio, com metade da rede como hipermercado e a outra metade, de supers, que também vendem eletrodomésticos. "Comecei a empresa sozinho. Sou sócio dos meus três filhos, não quero abrir capital, nem buscar outra sociedade. Faço o que tenho condições, sem correr riscos. Hoje estamos crescendo de forma orgânica, mas atentos aos bons negócios, caso tenha oportunidade de fazer alguma aquisição", adianta.

Para Zonta, o aniversário de 40 anos do Condor é uma marca importante. "A empresa precisa estar atualizada para o momento que vive, na área financeira, econômica e alinhada com o cliente. Saber como o consumidor pensa e o que quer, em qualquer época, é fundamental", ensina.

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