A confiança dos empresários do comércio teve uma queda mais acentuada em maio, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) recuou para 127,8 pontos, uma queda de 2,0% ante abril. No mês anterior, o indicador tinha registrado baixa de 0,7%, aos 130,3 pontos.
Segundo Fábio Bentes, economista da CNC, a queda confirma a expectativa de desaceleração do setor, que deve ter expansão de 7,4% em 2011, ante 10,9% em 2010. "Tivemos um primeiro trimestre um pouco acima do esperado, muito bom em termos de vendas e empregos. Mas o segundo trimestre mostra uma desaceleração, como esperávamos", afirmou Bentes.
A queda na confiança em maio foi puxada pela avaliação da situação atual dos estoques, que recuou 10,7%, e por uma percepção menos favorável do nível geral da atividade, que teve baixa de 7,1%.
"Embora quase metade (47,4%) dos empresários considere o estoque adequado, a maioria restante pensa em ajustar os estoques para um nível mais baixo, em repor menos, encomendar menos", explicou Bentes. "A segunda razão para a queda na confiança é uma percepção pior das condições econômicas do Brasil como um todo. Os indicadores estão mostrando um segundo trimestre mais fraco. O comércio está ali dentro, embora um pouco menos afetado."
O economista da CNC apontou ainda o encarecimento do crédito tanto para os consumidores quanto para os empresários como um fator de desestímulo à reposição do estoque. "Desde a crise de 2008 que o empresário do comércio não paga tão caro pelo crédito", afirmou.
Entretanto, a confiança dos empresários continua em um patamar elevado, acima dos 100 pontos, e não houve cancelamentos de investimentos nem alteração na perspectiva de contratação de mão de obra. Entre os empresários ouvidos, 93,6% acreditam que a perspectiva para a empresa vai melhorar nos próximos meses, sendo que para 48,6% do total a situação deverá melhorar muito.
"O dia não está mais tão ensolarado, mas não tem nenhuma tempestade a caminho. É só um ajuste mesmo", avaliou Bentes. "Vamos ter aumento real nas vendas, mas abaixo do que tivemos em 2010, ano do 'pibão'."
O levantamento da CNC é realizado com cerca de seis mil empresas em todas as capitais do País.
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