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A perspectiva de continuar empregado ou de se recolocar facilmente no mercado de trabalho em caso de demissão é o que tem movido o consumidor a assumir empréstimos longos, apesar da elevação das taxas de juros, promovida pelo Banco Central.

A vendedora Andréia da Silva Melo, 28 anos, comprou um Gol usado por R$ 12 mil. Deu R$ 6 mil de entrada e financiou o restante em 24 prestações de R$ 480. "Sei que vou pagar quase o dobro pelo valor financiado, mas pobre só tem condições de comprar assim", diz ela.

Com renda mensal de R$ 1 mil, Andréia diz que, depois de pagar todas as despesas do mês, não sobra nada para poupar. O que fez a vendedora bancar um financiamento com prestação elevada por um prazo longo é certeza do emprego. "O mercado de trabalho está bom. Não falta trabalho. Para alguns, o que falta é coragem de procurar uma colocação."

O porteiro Alenilson José Américo, 26 anos, é outro consumidor que não tem medo de comprar a prazo, apesar da alta dos juros. No começo do ano, ele adquiriu um Celta usado. Deu uma entrada e financiou o restante em 24 prestações de R$ 243. Agora Américo quer comprar um aparelho de som. Vai pagar R$ 138 em 13 vezes. Ao todo serão gastos R$ 1.794.

Com renda mensal na faixa de R$ 1 mil, o porteiro não sabe quanto vai pagar de juros. No caso do aparelho de som, a taxa é de 5,99% ao mês. "Vejo o quanto ganho e o que dá para pagar", diz ele.

Há dois anos trabalhando na portaria de um edifício, Américo não está preocupado com a possibilidade de ficar desempregado. "Se por acaso eu perder o emprego, posso trabalhar como motorista numa firma em que o meu amigo é gerente. Sei que estão precisando de gente por lá."

Já o metalúrgico David Cordeiro, de 25 anos, diz que olha a taxa de juros na hora de comprar a prazo. Com renda na faixa de R$ 2 mil e casamento marcado, ele decidiu comprar os móveis da casa em 10 vezes no cartão de crédito. Vai gastar cerca de R$ 3 mil. "Optei pelo cartão porque não há juros. Não faço negócio para perder dinheiro", destacou o metalúrgico. M.C.

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