Casacos de pele, saltos agulha, bolsas Céline, água artesanal Fiji, champanhe Legras. A noite de quarta-feira (11) tinha tudo para ser um sucesso na casa de leilões Sotheby’s, em Nova York, e foi. Mas não para todo mundo.
Quase US$ 295 milhões foram desembolsados por obras de arte contemporânea. A tela “Mao”, de Andy Warhol, uma das estrelas do evento, foi vendida por US$ US$ 47,5 milhões. A obra “Número 17”, de Jackson Pollock, saiu por US$ 22,9 milhões.
Um quadro sem título de 1987 do pintor norte-americano Jean-Michel Basquiat (1960-1988), estimado em US$ 2,5 milhões, teve longa disputa de ofertas e acabou vendida por US$ 8,3 milhões.
Mas a pintura “Hannibal”, do mesmo artista, encalhou. Não houve comprador para a oferta inicial de US$ 6,8 milhões, inferior à estimativa feita por peritos, de US$ 8 milhões a US$ 12 milhões.
O resultado frustrou um processo de uma década. “Hannibal” pertencia ao ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira. Em 2005, quando o Banco Santos quebrou, deixou um rombo de R$ 3,4 bilhões. As obras de sua coleção foram confiscadas pela Justiça Federal. Mas, em janeiro de 2006, a Folha de S.Paulo revelou que algumas das mais caras estavam no exterior. Entre elas, “Hannibal”.
A partir das reportagens, as peças foram recuperadas pelo FBI, a polícia federal americana. Em junho deste ano, a tela de Basquiat e uma escultura romana em mármore chamada “Togatus Romanus” foram devolvidas a autoridades brasileiras em Nova York.
Dívida
O montante arrecadado com suas eventuais vendas em leilões será usado para cobrir a dívida de Edemar. A Sotheby’s não informou nova data de leilão de “Hannibal”.
Não é incomum uma obra não ser vendida. No mesmo leilão, das 57 peças à venda, 13 encalharam.
Nascido no Brooklyn, Basquiat grafitava nas ruas de Nova York. Ao longo de sua carreira, diversificou sua obra com sofisticação, mas manteve o tom crítico contra desigualdades. Morreu de overdose aos 27 anos.
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