Brasília (Das agências) – Após promover o mais longo ciclo de aperto monetário dos últimos anos, o Banco Central promoveu, pela primeira vez em 17 meses, um pequeno corte nos juros: o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic em 0,25 ponto percentual. A decisão contou com o apoio unânime da diretoria do BC. "Avaliando que a flexibilização da política monetária neste momento não compromete as conquistas obtidas no combate à inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 19,50% ao ano", disse nota divulgada ontem à noite.

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A queda dos juros era amplamente esperada por empresários, analistas de mercado e membros do governo, embora muitos defendessem um corte mais agressivo. Em dezembro, o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia dito à bancada do PT no Senado que esperava para breve uma redução, possivelmente ainda no primeiro trimestre de 2005. De lá para cá, o BC não só não reduziu os juros como continuou a aumentá-los. A taxa, que estava em 16% ao ano em setembro de 2004, chegou a 19,75% em maio deste ano. Nunca, desde a implantação do regime de metas de inflação no país, em 1999, os juros haviam sido elevados nove meses seguidos.

Além de encarecer o crédito, desestimulando investimentos das empresas e freando o consumo das famílias, a alta dos juros também tem forte impacto nas contas públicas. Isso acontece porque metade da dívida de União, estados, municípios e estatais é corrigida pela Selic.

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Entre agosto de 2004 e julho de 2005, meses bastante afetados pelo aperto promovido pelo BC, os gastos do setor público com juros somaram R$ 148,3 bilhões, R$ 20,2 bilhões a mais do que o registrado nos 12 meses anteriores.

Segundo empresas de consultoria e bancos consultados pelo BC, estima-se que a taxa Selic seja reduzida para 18% ao ano até dezembro. Menos otimista, o núcleo político do governo espera queda para 18,50%.

Inflação

Além de ter sido contida pelos juros altos do BC, a inflação também sofreu o impacto da queda do dólar ocorrida neste ano. Com o forte fluxo de capital externo para o país, o real se valorizou e barateou produtos importados. O efeito do câmbio é sentido, principalmente, nos índices de preços do atacado, já que as empresas que usam matérias primas estrangeiras têm seus custos reduzidos.