O governo da Argentina determinou ontem o congelamento dos preços dos combustíveis em todos os postos do país pelos próximos seis meses. A medida foi tomada um mês após ser imposto o limite de preços nos supermercados e nas lojas de eletrodomésticos. Os congelamentos são usados pelo governo de Cristina Kirchner como forma de impedir a alta da inflação que, segundo os índices oficiais, está em cerca de 10% ao ano desde 2009. Consultoras privadas dizem que ultrapassam os 25%.
O presidente da associação de donos de postos de gasolina de Buenos Aires, Raúl Castellano, disse ao jornal La Nación que o congelamento dificulta as negociações com os frentistas, que querem um aumento de 30% nos salários. Ele teme que a situação possa provocar uma greve de funcionários e disse que os postos não suportarão esse tipo de defasagem.
Castellano diz ter ficado surpreso pelo congelamento, em especial após o incêndio na refinaria da YPF em Ensenada, próxima a La Plata, no início da semana. Por causa do acidente, a Argentina será obrigada a importar mais combustível.
Fronteira
O acidente em Ensenada prejudicou o abastecimento em Puerto Iguazú, cidade argentina que faz fronteira com Foz. Ontem à tarde, apenas um posto, da bandeira Shell, estava atendendo na cidade. A gasolina da rede YPF está em falta na cidade. No entanto, não há desabastecimento ou filas muito extensas.
No passado, a diferença de preços entre Argentina e Brasil estimulou motoristas a cruzar a ponte que une os dois países e encher o tanque no país vizinho. Há dois anos essa diferença chegava a R$ 1 por litro. Hoje é menor: em Puerto Iguazú, a gasolina comum custa R$ 2,20 o litro; em Foz o preço varia de R$ 2,88 a R$ 3,059. O valor ainda compensa, mas o transtorno de cruzar a fronteira e enfrentar fila na aduana afugenta os interessados. Hoje, os motoristas que abastecem no país vizinho também frequentam supermercados e restaurantes. São poucos os que vão à Argentina apenas para encher o tanque.