A Petrobras Argentina representa muito pouco no universo da gigante Petrobras, sendo considerada nos bastidores da estatal um investimento mais político do que econômico, devido à proximidade das presidentes argentina e brasileira.
Há anos a empresa mantém o mesmo patamar de investimentos no país vizinho, cerca de US$ 500 milhões por ano, apesar das críticas de Cristina Kirchner, que reivindica mais recursos.
Os baixos investimentos levaram a província de Neuquén a cassar, em abril do ano passado, a concessão na área de Veta Escondida, na qual a estatal brasileira é a operadora e tem 55% de participação.
Em março deste ano, a refinaria de Bahía Blanca, no litoral argentino, que tem capacidade para processar 627 mil barris de petróleo por dia, foi fechada pela Justiça por questões ambientais, mas já foi reaberta.
Na terça-feira, ninguém na empresa comentou o congelamento de preços de combustível determinado na Argentina. Os congelamentos são usados pelo governo de Cristina Kirchner como forma de impedir a alta da inflação, que, segundo os índices oficiais, está em cerca de 10% ao ano desde 2009. Consultoras privadas, porém, dizem que ultrapassam os 25%. O teto para os combustíveis é anunciado um mês após ser imposto o limite de preços nos supermercados e nas lojas de eletrodomésticos.
A medida de hoje só aumenta o mau humor da estatal brasileira em relação à subsidiária argentina.
Apesar de estar sondando o mercado para a venda de ativos no país vizinho, para ajudar a realizar o seu Plano de Negócios 2013-2017, de US$ 236 bilhões, a Petrobras negou na semana passada que já tivesse uma decisão sobre a venda.
O governo do PT herdou os ativos na Argentina do governo anterior. Em 2002, o então presidente da estatal, Francisco Gros, os comprou por US$ 1,2 bilhão.
A Petrobras já se desfez de algumas participações no país vizinho. No ano passado vendeu uma refinaria e em janeiro deste ano passou adiante os 48,5% que tinha na sociedade que controla a distribuidora de eletricidade Edesur.
Hoje, a Petrobras Argentina possui 294 postos de abastecimento (no Brasil a Petrobras tem 7 mil) e mantém a produção de petróleo estabilizada em cerca de 45 mil barris diários, uma gota diante dos 2 milhões de barris diários produzidos no Brasil e equivalente ao obtido em apenas dois poços do pré-sal da bacia de Santos.
Junto com a produção de gás, o volume total chega a cerca de 90 mil barris diários de óleo equivalente, o que representa cerca de 8% do total produzido na Argentina, percentual que já foi de 12% no passado.
Na área de refino, a empresa tema 28,5% da Refinor e 100% de Bahía Blanca.Em 2012, o lucro do braço argentino da petroleira foi de R$ 256 milhões, 1,21% do lucro da Petrobras no mesmo período. Em 2011, a Petrobras Argentina havia registrado lucro de R$ 304 milhões.