Tendência

Jornalistas investem mais em bancos de dados

Katia Brembatti

O costume do jornalista de acumular montanhas de documentos ganhou um "upgrade" nos últimos anos. A utilização de recursos tecnológicos abriu a possibilidade da criação de bancos de dados que servem de referência para a produção de material jornalístico. E essa tendência esteve presente no 5º Congresso da Abraji. Além dos cursos e palestras que trataram do tema, outros eventos da programação incluíram o assunto nas discussões, geralmente relatando exemplos de reportagens bem sucedidas que começaram com a coleta e a interpretação de dados que, isolados, não faziam muito sentido. Uma simples reportagem sobre a superlotação carcerária, por exemplo, pode ganhar contornos mais técnicos e convincentes a partir do comparativo de números. Reunir casos de fugas, capacidade de cada prisão e a quantidade de presos em cada mês pode resultar em uma matéria mostrando onde as situações são mais graves e a evolução do problema ao longo do tempo.

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O congresso anual realizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) consolidou-se no último fim de semana, em São Paulo, como o maior evento do gênero na América Latina. Participaram da quinta edição 740 pessoas de quase todos os estados brasileiros. Elas assistiram a apresentações de 98 palestrantes do Brasil e exterior, entre jornalistas dos Estados Unidos, Inglaterra, Paraguai, Argen­tina, Espanha e México. Os convidados trataram de temas como crime organizado, investigação em esportes e técnicas de reportagem para identificar e desvendar conexões internacionais.Alguns dos maiores nomes do jornalismo brasileiro dividiram atenções com a estrela do congresso. Lowell Berg­man, ganhador do prêmio Pulitzer por reportagens sobre a indústria do tabaco nos Estados Unidos, falou sobre suas investigações. Ele obteve notoriedade ao ser interpretado por Al Pacino no filme O Informante, de 1999. Aos 65 anos, Bergman leciona na Universidade da Califór­nia, produz documentários e trabalha para o New York Times.

De acordo com a Abraji, os palestrantes foram escolhidos pela excelência do trabalho que desenvolvem. A Rede Para­naense de Comunicação (RPC) participou do 5.º Con­gres­­so Internacional de Jornalismo Investigativo com a apresentação de dois trabalhos.

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James Luiz Alberti e Ga­­briel Tabatcheik, da RPCTV, e Kátia Brembatti e Karlos Kolbach, da Gazeta do Povo, apresentaram o trabalho Diários Secretos – Investigação na Assembleia Legislativa do Paraná. Também pela Gazeta do Povo, o jornalista Mauri König fez palestra sobre a cobertura do crime organizado nas fronteiras do Brasil.