O diretor-executivo da ANJ (Associação Nacional de Jornais), Ricardo Pedreira, apresentou hoje no 9º Congresso Brasileiro de Jornais, em São Paulo, um balanço do Programa Permanente de Autorregulamentação da entidade.
No modelo descentralizado, a ANJ vem estimulando os 154 jornais associados a aderir a princípios básicos, como manter canais de atendimento ao leitor, estabelecer códigos ou manuais de ética e publicar correções.
Ao final de um ano de implementação, levantou que a totalidade das publicações tem hoje canais para atender leitores, que 50 jornais reconhecem erros e divulgam correções e 26 já desenvolveram algum tipo de guia de ética.
No painel sobre o programa, o editor de Opinião de "O Globo", Aluizio Maranhão, comentou que o sistema descentralizado é o mais indicado e que um conselho de autorregulamentação seria inviável, com tendência ao "travamento".
Já Eugênio Bucci, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP), defendeu, além de regras, "um monitoramento, um acompanhamento cotidiano", dizendo porém que "falta maturidade na cultura jornalística hoje" para tanto.
Carlos Eduardo Lins da Silva, presidente do Projor (Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo) e ex-diretor-adjunto de Redação da Folha e do "Valor Econômico", afirmou que o programa da ANJ é "pouco, muitíssimo pouco".
Destacou que ainda é baixo o reconhecimento de erro entre os jornais associados, "só 32%", e defendeu ação urgente, "antes que os leitores nos abandonem", o que vê como ameaça maior do que os ataques político-partidários.
"Existe um caldo de cultura favorável à censura", disse, acrescentando que uma "faísca", como aconteceu no escândalo do jornal "News of the World" no Reino Unido, poderia trazer risco para a liberdade de imprensa no país.