Os republicanos adiaram em um dia a votação, na Câmara dos Representantes, da proposta de lei para elevar o teto da dívida dos Estados Unidos, após o Escritório de Orçamento do Congresso (COB, na sigla em inglês) ter concluído que o plano reduziria o déficit em proporção inferior ao previsto pelos líderes do Partido Republicano. A lei será votada hoje.
O adiamento deu aos republicanos tempo para ajustar a proposta de lei a fim de garantir que produza corte nos gastos superior ao montante de elevação do teto da dívida norte-americana. Segundo uma pessoa próxima à questão, chegou-se à conclusão de que haverá necessidade de reduzir o montante a ser elevado da dívida ou ampliar as medidas de corte do déficit a fim de garantir votos suficientes para aprovar a legislação.
O COB disse que a legislação reduziria o déficit federal em US$ 850 bilhões em dez anos, montante inferior ao US$ 1,2 trilhão que os líderes republicanos haviam calculado, contradizendo as declarações de que as medidas de redução da dívida inclusas em qualquer legislação ficariam em linha ou excederiam o montante da elevação do teto da dívida.
Michael Steel, porta-voz do líder da Câmara (o republicano John Boehner), indicou que mudanças serão necessárias na legislação. "Prometemos que cortaríamos os gastos em proporção superior à elevação do teto da dívida, sem aumento dos impostos, e manteremos nossa promessa", disse o porta-voz.
Os líderes republicanos estão trabalhando duro para obter os 217 votos de que precisam para aprovar a lei. Até o momento, 15 republicanos manifestaram publicamente oposição à proposta de lei. O partido pode perder um máximo de 23 votos republicanos, se não obtiver o apoio de nenhum democrata.
A maior parte do plano de corte de gastos dos republicanos está baseada na redução de gastos discricionários. Se os gastos federais forem cortados nos níveis propostos pelos republicanos da Câmara, haveria redução de cerca de US$ 695 bilhões nos gastos discricionários, de US$ 20 bilhões nos gastos mandatários e de US$ 135 bilhões em economia com juros sobre a dívida pública.
"Plano B"
Uma conselheira sênior do presidente Barack Obama disse ontem que o Congresso precisa agir rapidamente para elevar o limite de endividamento do país. Questionada se Obama poderia invocar a 14.ª Emenda para elevar ele próprio o teto da dívida, Valerie Jarrett disse ao canal de televisão CNBC que "o secretário do Tesouro já foi bem claro sobre isso: não existe um 'plano B', o Congresso precisa agir, não existem saídas fáceis, eles precisam fazer seu trabalho e precisam fazer agora".
Na semana passada, Obama disse que seus advogados não tinham certeza se invocar a 14.ª Emenda seria "um bom argumento". Valerie também reiterou que o governo acredita que o plano de curto prazo do presidente da Câmara, o republicano John Boehner, para reduzir o déficit e elevar o teto da dívida "não será aceitável para cumprir nossas obrigações" e dar segurança aos mercados.
A 14.ª Emenda da Constituição norte-americana estabelece, em parte, que "a validade da dívida pública dos EUA não pode ser questionada". Esse artifício, entretanto, nunca foi utilizado para emitir dívida.