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Arroz
Compras de arroz dispararam em maio por temor de desabastecimento.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo / arquivo

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou na manhã desta terça (25) que o conselho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vai demitir o diretor de operações responsável pelo leilão para a compra de arroz que foi anulado há duas semanas após suspeitas de irregularidades.

Thiago José dos Santos foi o responsável pela área que comandou o processo, e teve a possibilidade de demissão adiantada no último sábado (22) por Teixeira. Ele tinha ligação com o então secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, que também foi demitido por suspeita de informação privilegiada ao filho, sócio de uma das corretoras participantes do leilão.

“O governo já resolveu isso, o próprio conselho hoje [terça] vai encaminhar”, disse Teixeira mais cedo ao ser questionado por jornalistas antes de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O verbo “encaminhar” foi confirmado por ele depois como “trocar” o diretor. No final de semana, ele afirmou que “conforme ajustado com o ministro Carlos Fávaro (Agricultura), envio para o Conselho de Administração da Conab o pedido de demissão de Thiago José dos Santos”.

O pedido de demissão foi encaminhado na segunda (24) e é a segunda baixa na área agrária após o leilão frustrado para a compra de 263,3 mil toneladas de arroz importado, que foi anulado após suspeitas de irregularidades.

O presidente Lula, na semana passada, se referiu ao leilão como uma “falcatrua numa empresa” das que participaram, mas sem citar qual delas. Das quatro vencedoras do certame, três não tinham condições técnicas e financeiras de operar no mercado de compra e venda de grãos, o que levantou a suspeita de irregularidades. Ao todo, o governo gastaria R$ 1,3 bilhão com a compra.

Fávaro disse que o governo pode reconsiderar a realização do leilão para evitar o aumento dos preços e a escassez de arroz devido à crise climática no Rio Grande do Sul, principal produtor do grão no país. Entretanto, Paulo Teixeira discordou publicamente dessa possibilidade, afirmando que “o [próximo] leilão não será anulado”.

Informações de fontes a par do processo afirmam que o novo edital terminou de ser elaborado na sexta (21) com o auxílio da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Advocacia-Geral da União (AGU), e seria encaminhado ao Ministério da Agricultura para análise. A expectativa, se mantido, é de que o leilão seja realizado em até 20 dias.

No entanto, entidades do setor teriam se comprometido com o governo para fazer um levantamento que aponte que o arroz já colhido pode ser escoado sem afetar o preço – principal motivo que fez Lula determinar o leilão para a compra do grão importado para fazer uma espécie de “estoque regulador”.

A situação do leilão gerou reações do setor do agronegócio, da área técnica da Conab e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que defendem a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o ocorrido.

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