O Conselho de Administração da operadora logística ALL aprovou nesta terça-feira (15) proposta para incorporação da empresa pela Rumo, do grupo de energia e infraestrutura Cosan. A proposta envolve a formação de uma gigante do setor de logística no Brasil avaliada em cerca de R$ 11 bilhões e prevê o encerramento de disputas judiciais entre ambas as companhias em torno de contratos de transporte de commodities.
Pelos termos da proposta, anunciada no final de fevereiro, a Rumo deve incorporar a totalidade das ações de emissão da ALL, ficando com 36,5% da companhia resultante da união, enquanto os demais 63,5% do capital caberiam aos sócios da ALL. A oferta considera um valor de referência para a ALL de R$ 6,959 bilhões, equivalente a R$ 10,184 por ação. O papel encerrou nesta terça-feira cotado a R$ 8,10.
A fusão tem sido fortemente questionada por representantes de vários setores do agronegócio brasileiro. No início de março, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que representa o principal setor exportador de commodities agrícolas do país, afirmou que o negócio representa "concentração de poder" de mercado da empresa resultante da fusão .
A ALL é a maior operadora ferroviária do Brasil. No setor sucroalcooleiro, a Cosan atua em uma joint venture com a Shell, a Raízen, a maior produtora individual de açúcar e etanol de cana do mundo.
A união das empresas também está sendo analisada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que abriu inquérito administrativo para apurar "práticas comerciais abusivas" das empresas Rumo e Cosan em contratos de transporte com a ALL. O prazo final para a aceitação da proposta pelos acionistas da ALL era 5 de abril, mas no início do mês a Cosan anunciou o aumento do prazo para esta terça-feira.
Os principais acionistas da ALL incluem BNDESPar, com 12,1% das ações, o fundo de investimento BRZ, com 4,79% e os fundos de pensão Previ e Funcef, com 3,95% e 3,88%. Participam ainda da empresa Global Markets Investments, com 4,94% e Julia Dora Antonia Koranyi Arduini, com 5,61% das ações ordinárias da companhia.
A proposta será levada para aprovação pelos acionistas da ALL em assembleia extraordinária que deve ser marcada nos próximos dias, informou a companhia. O negócio também depende de aprovação pelo Cade e pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).