O valor emprestado em crédito consignado para aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) teve um crescimento de 29,73% em fevereiro em relação ao mesmo mês do ano passado. Além disso, o total de operações também aumentou, o que mostra que estão sendo realizados mais empréstimos, e de maior valor um fato que pode causar preocupação a longo prazo.
Em fevereiro os aposentados e pensionistas tomaram R$ 2,969 bilhões em crédito consignado, contra R$ 2,288 bilhões em fevereiro de 2011. Na comparação com janeiro de 2012 (R$ 2,9 bilhões), o aumento foi menor, de 2,38%, segundo divulgou o INSS. O total de operações teve aumento de 19%, de 1,146 milhão de operações, em fevereiro de 2011, para os 1,365 milhão registrados no mesmo mês deste ano. Na comparação com o mês imediatamente anterior, houve uma redução de 13% na quantidade de contratos.
Mais barato
Os segurados podem tomar o consignado tanto por empréstimo pessoal quanto por meio de cartão de crédito. O crédito consignado com desconto no benefício é uma operação barata para o consumidor, na comparação com outros empréstimos, por oferecer baixo risco de inadimplência para os bancos. Por isso os juros são menores.
Entretanto, o professor de matemática financeira da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Jackson Ciro Sandrini lembra que apesar de os juros serem mais baixos, a médio e longo prazos eles podem trazer endividamento às famílias. "Preocupa porque embora pareça baixo, não é tanto assim. A dívida compromete o orçamento do devedor, porque sai diretamente da folha de pagamento e a pessoa vai ter que viver com o que resta", alerta Sandrini.
De acordo com a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) a taxa de juros ao mês dos consignados está em torno de 2,29%, enquanto a taxa de empréstimo pessoal de bancos é de 3,84% e de financeiras de 8,26%.
O professor da UFPR avalia que, se os segurados estão buscando o crédito consignado para trocar dívidas, eles estão fazendo a escolha certa. "É positivo tomar esse empréstimo para pagar dívidas mais caras e também quando ele precisa consumir e faz essa opção, por causa dos juros mais baixos. Agora, se ele está buscando para um consumo que não é urgente, é um fato muito preocupante", pondera.
Inadimplência
O professor do ISAE/FGV Marco Cunha, especialista em finanças, salienta ainda que, como a inadimplência está em alta, as instituições financeiras têm optado por emprestar por meio do crédito consignado, o que explicaria o aumento no valor em fevereiro. "É um empréstimo com garantia, mais seguro para o banco em épocas de inadimplência alta", ressalta.
Cunha destaca, porém, que as famílias precisam se conscientizar para o uso do crédito consignado porque, apesar de ser mais baixo, ele pode trazer riscos no futuro. "O empréstimo deve ser feita de forma responsável e esporádica. É preciso que haja planejamento orçamentário para que a pessoa não se torne uma escrava dos juros", explica o professor.