São Paulo Após quase sete meses de negociações, chegou ao fim a disputa pelo banco holandês ABN Amro, dono no Brasil do Real. Consórcio de bancos formado pelo espanhol Santander (que assumirá o Real), pelo escocês RBS e pelo belga-holandês Fortis anunciou finalmente ontem a compra, por cerca de US$ 100 bilhões, do ABN, instituição bancária de 183 anos, com 105 mil funcionários distribuídos em 4,5 mil agências em 153 países, que agora será dividida.
Em meados do mês passado, o presidente Lula havia sido informado pela cúpula do Santander, em Madri, que o negócio estava fechado. A oferta teve 86% de apoio dos acionistas do ABN.
Maior negócio do sistema financeiro na história, a venda do ABN mudará o mapa da concorrência bancária internacional, com reflexos no Brasil, um dos países de maior potencial para o crédito, onde a união do Santander com o ABN Real cria a terceira maior instituição financeira no país só atrás de Banco do Brasil e Bradesco.
A oferta do consórcio ultrapassou a proposta de US$ 88 bilhões do britânico Barclays, preferido pelo conselho do ABN, que envolvia 60% em ações e o restante em dinheiro.
Com adesão de apenas 0,2% dos acionistas, o Barclays retirou na sexta passada sua proposta pelo ABN e ainda levou US$ 200 milhões de indenização.
Na Holanda, o presidente mundial do ABN, Rijkman Groenink, que era publicamente contra o negócio por representar o fim da presença mundial do banco, pediu demissão.
No Brasil, nem Santander nem ABN Real se pronunciaram.
O presidente mundial do Santander, Emílio Botín, chega na semana que vem ao país, para assistir ao Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, do qual o banco é patrocinador. A expectativa é que Botín detalhe os planos do novo investimento. Botín já havia afirmado que, ao todo, o Santander deve investir US$ 27 bilhões no Brasil nos próximos anos. Apenas com a compra do Real, o banco deve pagar cerca de US$ 17 bilhões.
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