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Resgate

Devolução de crédito ficou mais fácil após lei de 2008

Apesar de não limitar taxas, a Lei 11.795, de 2008, que regulamentou o mercado de consórcios, trouxe fôlego para o consorciado, como na devolução do crédito após a desistência. O mais usual era que o cotista tivesse que esperar o fim do consórcio para ter o dinheiro de volta – como o prazo de cada grupo permanece livre, o chá de cadeira poderia ser longo. Agora, para negócios feitos após 6 de fevereiro de 2009, o desistente continua participando dos sorteios para poder contar com o crédito antes.

"A lei deu ao participante excluído um tratamento semelhante ao que continua ativo", lembra o advogado Daniel Orfale Giacomini, que defendeu dissertação de mestrado na PUC-SP sobre o tema. A devolução ocorre a pedido do consorciado ou em caso de inadimplência. Os contratos estipulam multas para desistentes, mas é preciso atenção para abusos. Não é aceitável que a administradora cobre outras multas além da devida ao grupo, uma vez que recolheu taxa de administração durante a participação do desistente. As taxas são, em média, de 15% ao mês para carros e de 20% para imóveis, fora o fundo de reserva e eventuais seguros.

Mesmo que a devolução esteja mais fácil, o prejuízo para quem desiste do negócio é grande. Em junho de 2012, o caminhoneiro Peteri Miranda, 29 anos, investiu tudo o que tinha no consórcio de um caminhão – cerca de R$ 11 mil. Ele afirma ter comprado uma cota contemplada de um representante da Sermac Consórcios, de São Paulo. "Parei de pagar quando não saiu, depois de quatro meses", diz ele, que pensa em entrar na Justiça contra a empresa. A Sermac afirma não negociar cotas contempladas e que checa a situação da venda com o consorciado por meio de dois telefonemas. Não autorizada pelo BC, a empresa atua desde os anos 1990 com liminares judiciais.

Confira a lista de administradoras autorizadas pelo BC

http://www.bcb.gov.br/?RELINSTCONS

Acesse as cartilhas da Abac para tirar dúvidas sobre consórcio

http://abac.org.br/?p=paraConsumidoresConhecaConsorcioCartilhas

Misto de loteria e parcelamentos extensos, o consórcio caiu no gosto do brasileiro. O número de clientes cresceu quase 10% em fevereiro na comparação com o mesmo mês de 2013 e chegou a 5,82 milhões, segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac). Com a expansão, aumentaram também as reclamações. O Banco Central (BC), que fiscaliza o setor, recebeu 419 denúncias em fevereiro de 2014, contra 257 registradas no mesmo período do ano passado.

Veja quais são os principais problemas dos consórcios

Grande parte das queixas vem da desinformação. Nem todo mundo que entra em um consórcio se preocupa em conhecer a fundo as regras do jogo. O consórcio é uma associação complexa, gerida por empresas que cobram taxas variadas e têm regras rígidas para coibir inadimplência. O conflito ajuda a entender porque 59% das mais de 2,3 mil reclamações ao BC de março de 2013 a fevereiro de 2014 foram consideradas improcedentes, quando empresas comprovam que não erraram. Outras 25% não tiveram conclusão por falta de provas.

É comum, por exemplo, que o cliente se considere sortudo quando é contemplado rapidamente. Pode ser, desde que o cotista esteja pronto para entregar garantias que vão de fiador a tempo mínimo de serviço. A gerente jurídica da Abac, Elaine da Silva Gomes, diz que a situação depende do saldo devedor, e quem é contemplado logo tem uma dívida grande pela frente. "Não existe isso de pagar duas parcelas e conseguir na mesma hora uma casa para morar. O perfil ideal do consorciado é de alguém que pode esperar e pode pagar as parcelas".

Mesmo que o contrato tenha essas condições expressas – como deve ser –, entraves para liberar o crédito são o principal problema. Nos últimos 12 meses, 43% das reclamações procedentes ao BC eram sobre isso. Vale lembrar que a estatística cobre apenas as 194 administradoras hoje autorizadas pelo órgão.

As autorizadas são as únicas empresas a receberem fiscalização, como prestações de contas e auditorias. Mas o mercado é mais amplo: reúne representantes (que vendem cotas para as administradoras) e gestoras que atuam por liminar que pode ser revertida pela Justiça. Por fora, há golpistas que fazem alusão a consórcio para vender participação em pirâmides, por exemplo.

A supervisora da área de assuntos financeiros do Procon-SP, Renata Reis, explica que vendas enganosas procuram descaracterizar a forma como consórcios funcionam – oferecendo vantagens no acesso ao crédito ou na contemplação, que só devem ocorrer por lance ou sorteio. Renata recomenda desconfiar de vendedores que citam, por exemplo, fórmulas infalíveis para calcular entrada ou lance que levariam à contemplação. "Qualquer garantia deve ser denunciada ao consórcio e a órgãos de defesa do consumidor".

Oferta

Negócio com cota contemplada divide opiniões

Basta olhar qualquer site de anúncios gratuitos e lá estarão as ofertas de cartas contempladas. A ideia é que o comprador leve uma cota já sorteada em consórcio para dispor do crédito assim que der as garantias à administradora. Apenas no site OLX, estão publicados cerca de 950 anúncios no Paraná. Ainda que seja comum, essa negociação divide opiniões.

Renata Reis, do Procon-SP, explica que o consórcio permite a transferência de cotas, mas avalia que isso não está definido na lei como negócio. "A venda de crédito de um sorteio não retirado é uma situação difícil de imaginar", opina. "Existe um prazo para retirar esse crédito. Caso contrário, ele precisa voltar ao grupo. Então, como comercializar um crédito ainda não disponível no mercado?", questiona. Por isso, ela aconselha consumidores a evitar intermediadores e a nunca confiar apenas na palavra do cotista.

Elaine Gomes, da Abac, sustenta que a venda é possível. Ressalta, porém, que precisa estar cercada de cuidados. O principal: apenas cotistas podem vender cotas, e não a administradora. Mas a empresa precisa endossar a transferência. "O negócio tem que ser fechado na administradora porque uma série de informações precisam ser checadas, como a validade do crédito ou se existe inadimplência", diz.

Você já teve problemas com cartas de crédito e sorteios de consórcios? Como resolveu seu problema? Deixe seu comentário abaixo e participe do debate.

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