O crescimento do setor de consórcio imobiliário vem despertando o interesse dos consumidores que procuram uma alternativa para comprar a casa própria. Segundo dados da associação do setor, o número de pessoas que procuram esse tipo de modalidade cresceu quase 90% nos últimos três anos e chegou a 430 mil clientes.
A vantagem do consórcio em relação ao financiamento imobiliário é que o preço final do imóvel será menor, já que não há cobrança de juros. Isso porque, em vez de um empréstimo, o consórcio funciona como uma espécie de poupança.
A principal desvantagem, por outro lado, é a possibilidade de ter de esperar por até dez anos para comprar a casa própria, caso a pessoa não seja sorteada ou não consiga dar lances suficientemente altos para tirar a carta de crédito.
O diretor da Caixa Consórcios, Antonio Limoni, diz que os dois produtos se destinam a consumidores com objetivos diferentes. "Quem está no consórcio não está buscando o imóvel de imediato, está fazendo uma economia para comprar o imóvel mais adiante. Já a pessoa que opta pelo financiamento quer comprar o imóvel hoje", diz Limoni.
Ele diz que, por essas características, a procura pelo financiamento ainda é maior que a venda de consórcios. Na Caixa, por exemplo, foram financiados 500 mil imóveis em 2006, enquanto a carteira de consorciados ficou em 115 mil pessoas.
Como funciona
Nos últimos anos, o setor de consórcios conseguiu crescer, principalmente, graças aos segmentos de motos e imóveis, enquanto vê cair o número de participantes na área de veículos leves. Esse movimento se deve, entre outros motivos, ao barateamento do crédito ao consumidor desde 2005.
Um dos atrativos para o consórcio de imóveis, em relação a outras modalidades, está na possibilidadede se utilizar o saldo do FGTS para dar lances e tentar ser contemplado antes.
Além disso, o reajuste das parcelas é anual, feito pelo INPC, um dos índices de inflação calculados pelo IBGE. Os prazos, no entanto, são mais curtos - variam, em geral, de 90 a 120 meses (dez anos)- do que os do financiamento imobiliário, que pode chegar a 25 anos.
Essa modalidade também tem outra característica diferente em relação aos consórcios de veículos e motos. Ao invés de sair com o produto na mão, o consumidor sai do consórcio com uma carta de crédito para poder comprar o apartamento, novo ou usado, assim como acontece no financiamento imobiliário.
Vantagens e desvantagens
Segundo o professor de matemática financeira José Nicolau Pompeo, o consórcio é um negócio mais vantajoso para aqueles que vão ser contemplados no início. Depois, essa vantagem vai diminuindo, até se tornar um "mau negócio" para quem ficou para o final. "O último a receber vai passar a maior parte do tempo pagando, mas sem poder utilizar o bem", diz Pompeo.
Por isso é importante que o cliente analise a necessidade de urgência e a capacidade para dar lances.
Empréstimo caro
A assistente administrativa Silvana Gonçalves Monteiro e seu namorado, por exemplo, optaram pelo consórcio para trocar de apartamento.
Ela disse que considerou "exorbitantes" os valores cobrados no empréstimo imobiliário tradicional e preferiu entrar no consórcio porque possui dinheiro para dar um lance alto ainda nos primeiros meses.
Silvana afirmou que pretende vender um apartamento do casal e utilizar parte do dinheiro para dar um lance de 25% do valor da carta de crédito. "Se não tivesse como dar um lance, talvez fizesse o financiamento normal", diz Silvana.
Sem juros
Em geral, um financiamento costuma ter uma prestação entre 40% e 45% mais cara que um consórcio, devido aos juros cobrados no período. "A vantagem do consórcio é sempre a questão dos juros", diz Rogério Dutra Pereira, gerente regional da empresa de consórcios Embracon.
Em compensação, o consorciado sempre correrá o risco de ter de esperar até o final do período, que pode chegar a dez anos, para comprar o seu imóvel.
Para escapar do fim da fila, uma forma de tentar ser vitorioso em um consórcio, sem depender dos sorteios, é ofertar lances mais altos que a prestação mensal. A maioria das empresas oferece duas modalidades: laces fixos, no valor de 20% a 30% da carta de crédito, e lances livres, que variam de acordo com a possibilidade do cliente.
"Quanto maior o percentual do lance maior a chance de ser contemplado", diz o gerente da Embracon.
Ele lembra que o lance nada mais é do que uma antecipação da prestação. Isso significa que, além de ter mais chances de comprar o imóvel antes, a pessoa que faz a oferta pode reduzir as parcelas mensais que ainda restam a pagar.
Isso porque o saldo devedor fica menor e pode ser recalculado. Outra possibilidade é manter o valor da prestação mensal e diminuir o prazo de pagamento, uma boa opção para aqueles que podem se livrar logo da dívida.
Na Caixa, por exemplo, 45% dos contemplados são pessoas que oferecem lances livres; 25%, lances fixos; e os outros 30% são premiados pelos sorteios.
Taxas
Assim como no financiamento imobiliário, o consumidor deve ficar atento na hora de escolher a empresa de consórcio. Em primeiro lugar é preciso checar a idoneidade da companhia.
No site do Banco Central é possível saber mais sobre a regulamentação dos consórcios no país. Há também um endereço para verificar a situação das empresas (http://www.bcb.gov.br/?CONSADM) e a lista daquelas que estão impedidas de constituir novos grupos (http://www5.bcb.gov.br/fis/consorcio/Pconsorcio.asp).
Outro problema são as taxas. A maioria dos consórcios cobra taxa de administração, seguro de vida, fundo de reserva, taxa de adesão e seguro contra inadimplentes. Juntas elas podem representar até 12% da prestação mensal. Por isso, os especialistas recomendam que o consumidor pesquise bem as tarifas.