O ano de 2016 foi de retração para a construção civil do Paraná. É o que aponta o balanço anual do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscom-PR), que analisou o desempenho do segmento. Segundo os dados apresentados pela entidade nesta terça-feira (6), houve redução no total de área construída, no número de empregos e no estoque de imóveis.
Apesar da queda dos indicadores, o levantamento mostrou que o Paraná apresenta certa vantagem com relação aos índices gerais brasileiros em alguns quesitos. Enquanto a quantidade de empregados no setor caiu 12% em nível nacional, por exemplo, a construção paranaense perdeu 6%. Para o presidente do sindicato, José Eugenio Gizzi, essa diferença se deve, em parte, aos ganhos do agronegócio local, que ajudam a impulsionar a economia do estado. Ainda assim, a construção civil permanece em queda no Paraná, acompanhando as variações do segmento no Brasil, que recuou 5% no último ano.
Em Curitiba, o total de área construída caiu 26% e o número de unidades concluídas sofreu um decréscimo de 24%. Também houve redução de 28% na quantidade de unidades verticais lançadas, o que impactou fortemente o estoque de imóveis na cidade, que recuou de 10,4 mil para 8,1 mil.
De acordo com o consultor de mercado do Sinduscon, Marcos Kahtalian, este número abarca também as unidades que estão em fase de construção. Marcos acrescenta que os imóveis terminados somam por volta de 3,5 mil unidades e que a média de absorção anual do setor é de aproximadamente 4,5 mil imóveis novos. Desta forma, a oferta atual chega a estar menor do que a demanda comum. “Já temos bairros inteiros com nenhuma oferta de imóveis novos. O lado bom é que esse cenário tende a ajudar a equilibrar os preços”, diz.
Agravantes
Segundo o consultor, os declives têm sido fomentados por três principais fatores: a queda no emprego e na renda da população e a retração da oferta de crédito. Conforme o levantamento do sindicato, que utilizou dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) e da Caixa Econômica Federal, os valores dos financiamentos imobiliários caíram 26% de 2015 para 2016.
Além disso, de acordo José Eugenio, o cenário é de muita insegurança entre os investidores da construção civil, que, frente à instabilidade econômica e política do país, têm agido com mais reserva na hora de lançar novos empreendimentos. Para ele, o clima deve começar a mudar assim que o governo mostrar os primeiros avanços das medidas previstas para conter a crise atual.
O presidente reforça que o setor também espera que Estado invista mais em infraestrutura e promova uma reforma tributária que reduza o custo do emprego, sem que para isso precise reduzir os salários.
Projeção
Mesmo diante de tantas más notícias, o setor segue otimista rumo a 2017. Segundo a pesquisa de perspectivas do Sinduscon, realizada anualmente com 300 empresas do ramo da construção civil em todo o estado, 50% das companhias acreditam que vão aumentar seu nível de atividade. Apenas 10% planejam reduzi-lo e 40% delas pretendem mantê-lo.
O mesmo clima positivo permeia a área de contratações: 85% das empresas pensam em aumentar ou manter o número de funcionários para 2017. Pequenas empresas são as que mais devem recrutar – para 40% delas, selecionar mais pessoal é uma das prioridades para o ano que vem.
A perspectiva é menos otimista do que a do ano passado. Enquanto, desta vez, as companhias pretendem aumentar 5% das vagas, em 2015, esta projeção era de 11%.
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