O crescimento do mercado imobiliário e a série de obras previstas no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) estão ditando as apostas de bons investimentos em ações em 2007. Tudo que está relacionado à construção civil e infra-estrutura é visto com bons olhos. A cadeia ligada ao crescimento é enorme: passa pelas telhas, vergalhões de aço, fornecedores de motores, concessionárias de rodovias, bancos e acaba chegando no varejo afinal de contas, se tudo der certo e o país crescer, a população vai aproveitar os trocados a mais para gastar no comércio.
Nas recomendações do analistas, a Gerdau reina absoluta, como fornecedora de aço para obras de infra-estrutura e para a construção civil. A companhia siderúrgica gaúcha que mantém duas unidades industriais na região de Curitiba é uma unanimidade nas sugestões de melhores papéis. "O governo precisa investir em infra-estrutura para acabar com os gargalos que impedem a distribuição da produção. Quem vai ganhar com isso são as siderúrgicas e outras empresas voltadas para infra-estrutura", avalia o economista-chefe da corretora Liquidez, Marcelo Voss.
A Gazeta do Povo ouviu 10 corretoras e não houve quem não citasse a Gerdau entre suas primeiras opções. O gestor de renda variável da Infinity Asset, George Sanders, prevê que as ações da empresa se valorizem de 35% a 40% este ano, acima do Ibovespa (índice que reúne o desempenho dos principais papéis da Bovespa), que tem previsão de crescimento entre 25% e 30%. "A Gerdau tem uma administração muito forte, pega bem os movimentos do mercado interno e externo", avalia. Desde o lançamento do PAC, no dia 22, até o fim de janeiro, as ações da siderúrgica gaúcha cresceram 6%. "A demanda por aço da Usiminas também deve aumentar, mas ela precisa avançar um pouco mais em governança corporativa para alcançar grandes resultados", prevê a chefe de análise e estratégia do Banco Fator, Lika Takahashi.
Além da Gerdau, a fabricante de telhas de amianto Eternit tem sido bastante recomendada, por ter uma produção mais voltada para o segmento popular. "Além de uma boa perspectiva de crescimento hoje está na faixa de R$ 15 e pode chegar a R$ 20 , as ações pagam bons dividendos", recomenda Élcio Roberto Bonatto, operador da corretora Aureum. Na construção civil, as fornecedoras estão saindo na frente das construtoras nas apostas dos analistas. "As construtoras e incorporadoras já se valorizaram bastante no ano passado e alcançaram ou estão muito próximas do preço alvo", afirma Lika, do Banco Fator. A movimentação tem sido tão grande no setor, que mesmo as produtoras de material de construção já vêm tendo um grande impulso. Em janeiro, as ações da Duratex, fabricante de louças e metais sanitários, passaram de R$ 33,3 para R$ 41,2 uma valorização de 23,7%, que ultrapassou o preço alvo traçado no início do ano pelas corretoras.
Concessionárias
Na mesma linha de raciocínio que leva o mercado a prever que os fornecedores de material de construção terão melhor desempenho este ano, o mercado aposta em um bom impacto das metas de alavancagem da infra-estrutura nas concessionárias de estradas e ferrovias e nos fabricantes de implementos rodoviários. A avaliação vale para as concessionárias Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR) e OHL Brasil e para a paranaense de transporte ferroviário e logística América Latina Logística (ALL). "No caso da CCR há bastante para crescer, independentemente das novas concessões, que estão emperradas. Ela tem fontes alternativas de crescimento, como a operação da linha 4 do metrô de São Paulo", propõe Adriano Blanaru, chefe do departamento de análise da Link Corretora. O analista destaca que a empresa não sofreu qualquer reflexo com o desabamento nas obras, porque só vai operar o trecho e tem seguro para receber por atraso.
Outros setores
Estradas melhores e aumento da produção a ser escoada devem fazer bem para os papéis da Randon, que atua nas áreas de implementos rodoviários e ferroviários, veículos especiais, autopeças, sistemas automotivos e serviços. "Desde outubro estamos com recomendação de compra. Ela vai se beneficiar da recuperação no setor agrícola e programa de incentivo para renovação de frota", acredita Blanaru. Os sinais de recuperação do setor agrícola, no entanto, não tem sido suficientes para garantir unanimidade a ações como Sadia e Perdigão. Há quem sugira os papéis, como o estrategista de renda variável para pessoas físicas da Itaú Corretora, Fábio Anderaous, que considera o aumento do consumo de frango positivo para a Perdigão. E quem, como Ricardo Binelli, diretor da Petra Corretora, veja o setor de alimentos com cautela.