As atividades no canteiro de obras da hidrelétrica de Jirau, do Rio Madeira (RO), foram retomadas ontem. Segundo o presidente da concessionária Energia Sustentável do Brasil, Victor Paranhos, está sendo realizada a montagem do vertedouro, etapa necessária para o desvio do rio. "Cerca de 300 empregados trabalhavam na montagem e a empresa estava buscando mais 150 funcionários", afirmou o executivo. Mais cedo, a Santo Antônio Energia anunciou que retomará, a partir de hoje, as obras na usina de Santo Antônio, também no Rio Madeira.
Com a retomada das obras, a Energia Sustentável do Brasil e a Camargo Corrêa, responsável pelas obras civis de Jirau, vão discutir nesta semana um novo cronograma de obras. "Irei ao local das obras para discutir o tema com a Camargo", disse o executivo. O grande problema está nas obras da casa de força n.º 1, cuja execução depende da mobilização de um elevado efetivo de funcionários. Por causa dos tumultos da semana passada, cerca de 8 mil pessoas foram enviadas para as suas regiões de origem pela Camargo Corrêa.
Atualmente, a Energia Sustentável do Brasil trabalha com a hipótese de manter o cronograma de conclusão do desvio do rio, o que deve ocorrer entre julho e agosto. "Já estamos com 92% do vertedouro concluído, o que nos leva a manter o cronograma do desvio do rio", justificou Paranhos. A concessionária também não prevê alterações na execução das obras da primeira fase da casa de força n.º 2, que abrigará 12 das 46 turbinas da hidrelétrica. A expectativa da empresa é de que as primeiras máquinas dessa casa de força entrem em operação entre junho e julho de 2012.
O mesmo não vale para o cronograma da casa de força n.º 1, que abrigará 28 turbinas e cujas primeiras máquinas entrariam em operação a partir de março de 2012. "Ainda não sabemos como ficará o cronograma", afirmou Paranhos. Antes dos tumultos, 21 mil pessoas trabalhavam no canteiro de obras da usina. Hoje, porém, o número foi reduzido para 13 mil funcionários, insuficiente para retomar o ritmo a pleno vapor. "Sabemos que muita gente que voltou para os seus locais de origem pretende retornar para o canteiro de obras", ponderou o executivo.
Outro desafio do empreendimento será reconstruir a infraestrutura residencial dos empregados. Paranhos comentou que a Camargo Corrêa ainda está dimensionando os danos dos tumultos e já está efetuando a limpeza do canteiro. O executivo admitiu que, hoje, a estrutura existente não é suficiente para abrigar todos os funcionários da obra. "A construção dessa infraestrutura levou oito meses para ser concluída na primeira vez. Mas acreditamos que será necessário um tempo menor desta vez, porque não partiremos do zero", disse.