Edifício em obras em Curitiba: tempo para construir o metro quadrado foi reduzido de 42 horas para 36 horas| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

São Paulo - Interessadas em aproveitar ao máximo o bom momento econômico, as construtoras têm apostado em novos processos para reduzir custo, acelerando o ciclo produtivo para ganhar escala sem perder em qualidade. O desenvolvimento de novas tecnologias nessa área ganhou força no segundo semestre do ano passado com a maior demanda gerada pelo programa Minha Casa, Minha Vida. Com isso, algumas empresas já conseguiram reduzir seu ciclo de produção quase pela metade.

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Com um déficit habitacional estimado em 5,5 milhões de moradias – pelos cálculos do Sinduscon e da FGV – e o respaldo do programa habitacional do governo, que na segunda etapa tem como meta a construção de mais 2 milhões de casas entre 2011 e 2014, as construtoras buscam soluções que sejam eficientes para reduzir prazos e necessidade de mão de obra.

Para o sócio-diretor da BKO Engenharia, Maurício Bianchi, a evolução da indústria começa pela gestão. "Estamos mais produtivos, reduzindo desperdícios e adotando critérios de desempenho. O Brasil deve se orgulhar, pois, mesmo sem investir na pesquisa e desenvolvimento, não perde para ninguém em termos de construção."

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Bianchi observa que, na BKO, por exemplo, o tempo de construção de um metro quadrado, que em média demorava 42 horas quinze anos atrás, hoje chega a menos de 36 horas. Essa redução, além de representar um retorno mais rápido do investimento para as construtoras, significa menor dependência da mão de obra e ganho de produtividade.

Nova roupagem

Entre os processos construtivos que ganharam uma "roupagem diferente" do padrão e contribuem para acelerar o ciclo da obra, há paredes pré-moldadas, paredes de concreto moldadas no local, telhados tradicionais montados sobre estruturas metálicas leves e paredes secas tipo drywall. Os especialistas também chamam a atenção para os aditivos desenvolvidos ao longo das últimas três décadas, que não apenas melhoraram a aplicação do concreto, mas trouxeram um conforto enorme para o usuário final, com melhores características térmicas e acústicas.

O departamento de inovação tecnológica da Direcional Engenharia trabalhou com o fornecedor por 18 meses para montar uma forma de alumínio com características específicas. Em um projeto de casas populares tradicional, construído a partir do método de alvenaria estrutural, o prazo médio de execução da Direcional para 500 unidades é de 14 meses. Com o processo de forma de alumínio e parede de concreto, o prazo de execução cai para três meses. "Estudamos os produtos de alguns fornecedores internacionais, em particular dos Estados Unidos e Colômbia, mas pela qualidade do fornecedor nacional e pela facilidade de aquisição, fechamos parceira com uma indústria carioca", informa Daniel Amaral, diretor financeiro da Direcional.

A Rodobens Negócios Imo­biliários, que opera no segmento econômico no interior, conseguiu reduzir de 12 meses para 7 meses o ciclo de construção de habitações de 40 e 50 metros quadrados sem aumentar o custo de unidade. O grupo ainda espera reduzir para 5 meses esse ciclo até o final do ano. Ao mesmo tempo, a empresa manteve o custo de administração de obras por empreendimento entre R$ 70 mil e R$ 100 mil por mês. Para o presidente da companhia, Eduardo Gorayeb, a evolução do sistema construtivo é um dos caminhos possíveis para driblar a alta nos insumos.

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Menos operários

A industrialização do processo construtivo, segundo Amaral, representa ainda uma das opções para se enfrentar o "apagão de mão de obra". "Com o processo de formas de alumínio e paredes de concreto, temos uma redução de 40% a 45% no número total de operários no canteiro". Mais importante que a redução absoluta, ressalta o executivo, é a menor dependência de profissionais especializados. No processo tradicional, a relação de serventes (assistentes) para profissionais especializados (eletricistas, pintor, encarregado, mestre) é de aproximadamente 1-1. Com o processo de forma de alumínio, essa relação fica de 1-6, sendo quatro profissionais especializados e 24 montadores – serventes que receberam treinamento.