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Construtoras veem desafios com Minha Casa, Minha Vida 2

Positivo, porém sem surpresas. Essa foi a avaliação de executivos de construtoras e incorporadoras quanto ao lançamento da segunda etapa do programa Minha Casa, Minha Vida, que prevê a contratação de ao menos 2 milhões de moradias até 2014.

Anunciado em março do ano passado, o programa habitacional do governo foi oficializado nesta quinta-feira pela presidente Dilma Rousseff, que ampliou em 75 por cento os subsídios com recursos do Orçamento e financiamentos em relação ao originalmente estimado.

Para representantes do setor imobiliário, os ajustes anunciados, que incluíram também a adequação das faixas de renda, ficaram em linha com o que já era demandado e esperado pelo mercado.

"Não houve muita novidade. Havia expectativa quanto ao ajuste de valores, que estavam defasados", disse o diretor superintendente da Direcional Engenharia, Roberto Senna.

Diferentemente da primeira etapa, quando a divisão era feita por quantidade de salários mínimos, agora poderão participar famílias que ganham até 5 mil reais por mês.

No início de fevereiro, o governo federal havia elevado o preço máximo dos imóveis enquadrados no Minha Casa, Minha Vida, mas não alterou as faixas de renda participantes.

Apesar dos ajustes, Senna alertou para o mesmo "desafio" vivido pelas construtoras na primeira fase do programa: desenvolver moradias para a população que ganha até 1.600 reais por mês, faixa que será contemplada com 1,2 milhão de unidades na nova fase.

"O preço continua sendo apertado e ainda é difícil viabilizar empreendimentos (para essa faixa de renda) sem parceria do Estado para doação de terrenos e criação de infraestrutura", afirmou o executivo, acrescentando que o nível de eficiência das empresas terá de ser muito grande.

Além das 2 milhões de unidades previstas, Dilma afirmou que o Minha Casa, Minha Vida 2 poderá ter 600 mil moradias adicionais, dependendo do ritmo de operação daqui a um ano.Para os executivos, embora represente outro desafio às empresas, a meta pode ajudar a impulsionar os investimentos no setor, levando a um maior número de lançamentos e, consequentemente, aumentando o ritmo de vendas.

"A partir de agora devemos ver um aquecimento das vendas. Com a defasagem (de valores) houve desenquadramento de muita gente", disse o diretor-presidente da Rodobens, Eduardo Gorayeb, à Reuters. "A expectativa de aumento da meta impulsiona investimentos. Com isso, o nível de oferta deve aumentar e a comercialização deve voltar ao normal."

Atraso não deve afetar prazo

Após a apresentação da segunda etapa do Minha Casa, Minha Vida em março de 2010, a expectativa no mercado era de que o plano saísse do papel no início deste ano, mas a aprovação das novas regras só ocorreu no Congresso no mês passado.

Representantes do setor, no entanto, não acreditam que o atraso de cerca de seis meses prejudique o prazo firmado.

"As empresas já estavam se preparando para alterações de limites. O mais importante é a continuidade", avaliou o diretor geral da Living --braço da Cyrela Brazil Realty voltado para baixa renda--, Antônio Guedes.

No âmbito da primeira fase do programa --apresentada em março de 2009 com subsídios da ordem de 34 bilhões de reais-- foram contratadas 1 milhão e 3 mil moradias até 29 de dezembro passado. No fim de 2010, cerca de 250 mil residências tinham sido entregues.

Na visão do diretor de segmento econômico da Brookfield Incorporações, Marcelo Borba, a experiência resultante da primeira fase do programa, somada à agilidade adquirida para repasse de recursos, deve contar a favor para cumprimento das metas traçadas agora.

"É muito trabalho e um volume significativo, mas ainda assim as empresas se prepararam nos últimos dois anos para participar do programa", disse ele. "Não vejo esse atraso comprometendo o desenvolvimento até 2014".

As ações de construtoras e incorporadoras na Bovespa caíram nesta quinta-feira e não conseguiram se beneficiar do lançamento do Minha Casa, Minha Vida 2.

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