A economia mundial vem enfrentando turbulências desde que a disseminação do novo coronavírus começou. Na semana que passou, a declaração de pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o anúncio de restrições a voos vindos da Europa nos EUA agravaram ainda mais a situação, com bolsas de valores caindo em todo o mundo.
Somado ao coronavírus, o desentendimento entre Arábia Saudita e Rússia quanto aos preços do petróleo fez o valor do óleo despencar no mercado internacional, tornando o cenário mais complexo.
Em 9 de março – dia em que teve início a guerra de preços do petróleo –, a consultoria norte-americana McKinsey & Company divulgou um estudo (veja a íntegra abaixo) em que projeta três possíveis cenários para a economia mundial após a pandemia de coronavírus.
Conheça as previsões da consultoria:
1. Cenário de recuperação rápida
No primeiro deles, a baixa taxa de mortalidade entre a população ativa no mercado de trabalho, combinada a uma resposta rápida dos mecanismos de saúde pública, faria com que o período de shutdown da economia tivesse duração limitada.
O relatório aponta que, nesse cenário, a redução na demanda do consumidor ocorreria, mas de forma "localizada e restrita em termos de duração". O cenário conta, ainda, com a hipótese de que o vírus é sazonal – o que faria com que seu comportamento fosse distinto nas diferentes regiões do mundo.
Com isso, a expectativa de crescimento do PIB mundial cairia de 2,5% para 2%.
2. Cenário de desaceleração global
No segundo cenário, os países teriam dificuldade em replicar medidas severas de saúde pública, o que contribuiria para o crescimento do número de casos de forma contínua.
Apesar disso, diz o texto da consultoria, medidas para controlar a crise estariam funcionando para conter os efeitos socioeconômicos da pandemia, mesmo que alguns setores (como aviação e saúde) fossem profundamente afetados.
Nesse contexto, a economia se recuperaria no final do segundo trimestre, o que levaria o PIB mundial a ter crescimento entre 1% e 1,5% em 2020.
3. Cenário de pandemia global
Por fim, no pior cenário projetado pela consultoria, o novo coronavírus teria impacto em todo o mundo, já que a hipótese é de que o vírus não seria sazonal. Com isso, a pandemia não perderia força mesmo com o início da primavera no hemisfério norte, e casos começariam a ressurgir na China. Assim, a economia mundial experimentaria um choque de demanda ao longo de praticamente todo o ano.
Alguns sistemas de saúde, nesse cenário, ficariam sobrecarregados diante da escala dos impactos. Isso resultaria em um quadro de recessão, com a variação do PIB mundial ficando entre queda de 1,5% e crescimento de 0,5%.
Desde a depressão dos anos 1930, a economia mundial encolheu apenas uma vez – em 2009, em meio à crise financeira, a geração global de riquezas caiu 1,7%.
O impacto do coronavírus no crescimento por região
O relatório da McKinsey & Company também aponta estimativas para a diminuição do crescimento nas diferentes regiões do mundo. Nesse caso, a consultoria considerou, apenas, os dois primeiros cenários (recuperação rápida e desaceleração global).
- | Crescimento sem coronavírus | Cenário de recuperação rápida | Cenário de desaceleração global |
América do Norte | 1,74% | 1,34% | 0,45% |
América Latina | 1,1% | 1,06% | 0,17% |
Europa | 1,29% | 0,99% | 0,09% |
África subsaariana | 2,17% | 1,92% | 1,08% |
Oriente Médio e Norte da África | 2,39% | 1,95% | 1,21% |
China | 5,99% | 4,68% | 3,82% |
Leste da Ásia | 4,19% | 3,23% | 2,36% |
Mundo | 2,5% | 2% | Entre 1% e 1,5% |
Os setores mais afetados pelo coronavírus
A consultoria também fez uma lista dos setores mais afetados pela pandemia, projetando quando as áreas devem se recuperar.
- Turismo e hotelaria: recuperação lenta, somente no quarto trimestre;
- Aviação: efeitos mais intensos nas rotas internacionais. Recuperação entre o fim do terceiro trimestre e início do quarto;
- Óleo e gás: preços declinam pelo impacto na demanda. Recuperação no terceiro trimestre;
- Automotivo: queda na demanda chinesa e nos suprimentos da cadeia produtiva. Recuperação entre o fim do segundo trimestre e início do terceiro.
- Alimentos: a consultoria prevê um declínio moderado no consumo privado e na exportação de serviços. O impacto seria mais localizado e superado ainda no segundo trimestre;
- Eletrônicos: o setor sofre com a falta de peças produzidas na China e em outros países da Ásia, mas consegue se readequar de forma rápida, no segundo trimestre.
Veja a íntegra do relatório:
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