As vendas na Copava dobraram, segundo Willians Zultanski, diretor comercial| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Governo baixou IPI e liberou compulsório

A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), anunciada o início da semana passada, vigora até o fim de agosto. Para os carros motor 1.0 nacionais e de países com acordo automotivo (Mercosul e México), não haverá cobrança de IPI. Para as demais motorizações, os impostos caíram de 11% para 5,5% (de mil a 2.000 cilindradas flex), de 13% para 6,5% (de mil a 2.000 cilindradas a gasolina) e de 4% para 1% (utilitários).

Os importados também foram beneficiados. Para os 1.0, o IPI caiu de 37% para 30%. Para os de mil a 2.000 cilindradas flex, de 41% para 35,5%. Para os de de mil a 2.000 cilindradas a gasolina, de 43% para 36,5%. E, para os utilitários, de 34% para 31%.

O governo também liberou parte do depósito compulsório – dinheiro que os bancos têm que deixar depositado no Banco Central – em uma tentativa de que mais crédito seja liberado e menos juros sejam cobrados para esse mercado.

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Estoques incomodam

O índice de empresas do setor automobilístico que acreditam ter estoques excessivos atingiu 28,3%, maior nível desde janeiro de 2009. Em abril, esse porcentual era de 13,6%. No setor de material de transporte (autopeças, caminhões e ônibus, entre outros), o porcentual chegou a 19,9% em maio – também o maior resultado desde o início de 2009. Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), responsável pelo levantamento, os números sugerem que a produção estará em marcha lenta em junho.

Juro menor para pequenas

O Banco do Brasil anunciou ontem redução dos juros para o financiamento de veículos de micro e pequenas empresas. Os cortes chegam a 21,3%, e o BB pode financiar 100% do carro com taxas a partir de 0,77% ao mês.

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No primeiro fim de semana com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), montadoras e concessionárias apostaram em feirões e promoções para fisgar o cliente que passou longe das lojas de carros nos últimos meses. O fluxo de pessoas nas lojas dobrou, mas o crédito continua mais restrito, principalmente para os consumidores que precisam de prazos mais longos e querem comprar sem entrada. As vendas, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), cresceram em média 30% em relação a um fim de semana normal.

Os carros ficaram até 10% mais baratos com a redução do IPI, que vale até 31 de agosto. Mas os bancos continuam a exigir pelo menos 20% do valor do automóvel de entrada e os prazos não superam muito os 48 meses. O ritmo de aprovação de cadastro, principalmente de bancos de mercado, como Itaú e Bradesco, ainda está mais baixo, segundo as concessionárias. Segundo Luis Antonio Sebben, diretor da Fenabrave, 95% dos financiamentos do fim de semana foram realizados pelos bancos de montadoras.

"A aprovação do cadastro de pessoas que querem prazo de 60 meses sem entrada continua mais difícil. Os clientes voltaram, mas as vendas estão concentradas entre o que têm recursos para dar de entrada", acrescenta Gustavo Garrastazu, gerente regional de marketing da General Motors.

Segundo ele, as vendas cresceram em média 30% em relação a um fim de semana normal. "O que deu para perceber é que o cliente ainda está pesquisando bastante para saber sobre as novas tabelas de preços das marcas e quais as vantagens que cada uma está concedendo", diz.

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Para aproveitar a queda nos preços, as concessionárias abriram sábado e domingo e, junto com as montadoras, organizaram quatro feirões somente em Curitiba. No grupo Corujão, as vendas triplicaram em relação a um fim de semana comum, segundo Antonio Carlos Altheim, diretor comercial. Nos dois dias, as quatro lojas do grupo venderam, juntas, cerca de 100 veículos – contra um ritmo de 35 que vinha sendo verificado até agora. "Mas os bancos, principalmente de mercado, ainda não retomaram o crédito. Quem comprou é quem já estava planejando e havia esperado um pouco para fazer sua aquisição", diz.

Pressionadas por vendas em baixa e estoques em alta, concessionárias e montadoras esperam que a redução do IPI dê um fôlego para as vendas no quadrimestre. O volume de veículos nos pátios das montadoras e das concessionárias – que chegou a 366 mil em todo o Brasil – é o maior desde novembro de 2008.

Com um estoque de veículos de 45 dias, quase o dobro do habitual, a Copava duplicou as vendas no fim de semana. "Normalmente venderíamos entre 25 e 30 carros. Esse número subiu para 60", diz Willians Zultanski, diretor comercial da concessionária.

Segundo as revendedoras, porém, ainda é cedo para esperar uma recuperação para o ano. A inadimplência alta – atingiu 5,9% em abril, a maior taxa desde o início da série histórica, em 2000 – mantém os bancos menos flexíveis. Aquele cliente que não tem um seminovo ou um valor de entrada e precisa de prazos maiores provavelmente terá que esperar mais para comprar o carro, segundo Garrastazu, da General Motors.

Setor mantém previsão de crescer 3,5%

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Apesar das medidas de estímulo, a Fenabrave manteve a previsão de crescimento das vendas de 3,5% para 2012. A entidade, que representa as concessionárias, revisou recentemente para baixo as suas projeções, depois que as vendas patinaram nos primeiros meses do ano. A previsão inicial para 2012 era de um aumento de 4,5% a 6% nas vendas. Além do crédito ainda restrito, as empresas do setor acreditam que o ritmo menos vigoroso da economia brasileira também pode comprometer as vendas no ano.

Segundo o diretor da Fenabrave Luis Antonio Sebben, a redução das taxa de juros vem ocorrendo, mas nem sempre ela tem o efeito almejado pelo governo. Ele ressalta que, apesar de Banco do Brasil e Caixa Econômica terem reduzido suas taxas de juros para esse mercado, a atuação dos bancos ainda é inexpressiva no financiamento de veículos. "Esses bancos não estão atuando diretamente no mercado, com montadoras e concessionárias. Estão concentrados na sua base de clientes", diz.

Quem tem olho é rei

O cliente que está capitalizado e tem bom cadastro, porém, tem conseguido boas negociações, até porque montadoras e concessionárias querem desovar seus estoques antes da chegada dos modelos 2013. "O cliente vai encontrar maior diferença de preço nos modelos mais completos, assim como nos veículos 2.0", diz Sebben.

Com a redução do IPI para os carros novos, o mercado de usados continua a ter um desempenho abaixo da média. O crédito para os seminovos está ainda mais complicado, segundo Willians Zultanski, diretor comercial da concessionária Copava. Além da depreciação rápida do valor do veículo, o seminovo também oferece menos garantias e alguns bancos praticamente deixaram esse mercado. "As vendas estão em média 50% menores que no ano passado", afirma.

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