O otimismo entre os consumidores de baixa renda levou a uma forte mudança de trajetória no Índice de Confiança do Consumidor (ICC), divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), que saiu de uma queda de 2,4% em dezembro para um avanço de 0,6% em janeiro. Na avaliação das famílias mais pobres pesquisadas para cálculo do indicador, o cenário é positivo no primeiro mês do ano, com melhora no mercado de trabalho no período, e o recente anúncio de aumento no salário mínimo. Mas as respostas dos consumidores em janeiro, usadas para cálculo do ICC, não revelaram apenas boas notícias.
Segundo a FGV, a intenção de compra de bens duráveis, como eletrodomésticos, é a pior dos últimos oito meses. Isso porque as famílias mais abastadas promoveram uma intensa antecipação de compras no ano passado, devido a incentivos fiscais, e estão mais cautelosas com gastos futuros.
Mais de 2 mil domicílios foram entrevistados para o cálculo do ICC, entre os dias 4 e 21 de janeiro. Segundo o coordenador de Análises Conjunturais da FGV, Aloisio Campelo, somente entre as famílias com ganhos mensais de até R$ 2,1 mil, o ICC subiu 3,7% em janeiro, após cair 1,8% em dezembro. "Entre as quatro faixas de renda pesquisadas, a faixa mais baixa foi a que apresentou o crescimento mais intenso do índice de confiança em janeiro" , completou.
Sem o dragão
Outro fator que pode ter contribuído para o bom humor das famílias de baixa renda em janeiro é a percepção de que não haverá explosões inflacionárias em 2010. Campelo comentou que as avaliações de famílias com menor poder aquisitivo são extremamente influenciáveis pelos rumos futuros de inflação, principalmente de alimentos.
Análise
Para os analistas da consultoria Tendências, Bernardo Wjuniski e Rafael Bacciotti, apesar de alguns aspectos desfavoráveis nos resultados do ICC de janeiro, a perspectiva é de que a atividade econômica continue se recuperando de maneira gradual e consistente ao longo do ano, com melhores perspectivas para o mercado de trabalho e na retomada do crédito.