Os três pacotes de redução de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para material de construção lançados pelo Ministério da Fazenda este ano beneficiaram mais os fabricantes e construtores do que as lojas de varejo e o consumidor. As vendas da indústria no país aumentaram 4,36% de janeiro a setembro em relação ao mesmo período do ano passado. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Melvyn Fox, atribui a alta à desoneração de alguns produtos pelo governo, cujas vendas cresceram 9,55%.
Para o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), os brasileiros estão comprando mais devido ao aumento do salário mínimo e a boas negociações salariais, à queda dos juros e ao aumento do volume de crédito.
"A redução de IPI foi mais benéfica para a população de baixa renda", diz o economista Cid Cordeiro. "Os consumidores que mais se beneficiaram pelos pacotes foram aqueles com renda de até cinco salários mínimos", concorda Fox. Ele lembra que, nessa faixa de renda, 40% das obras são autoconstruídas quando o proprietário compra material no varejo e não contrata construtora.
No caso da Cohab, que tem 105 casas em construção para famílias com renda até 1,5 salário mínimo na região de Curitiba, o preço não baixou porque os orçamentos foram feitos no fim de 2005.
Em obras de alto padrão a redução do IPI também não chegou ao consumidor quando o preço do imóvel já havia sido fixado. Foi o caso do residencial Tibet, que deve ser entregue no fim do ano pela Construtora Laguna, no bairro Batel. Na compra de cerâmica e portas de madeira, fornecidas por fábricas catarinenses, a empresa economizou entre 3% e 4%. "Esses itens chegam a representar 10% do valor da obra, mas neste caso o ganho não foi repassado ao consumidor porque o preço de venda depende do mercado", diz o engenheiro responsável, Alexandre Mora. Segundo ele, deve haver redução de preço em obras futuras. "Quem mais se beneficia é o consumidor que compra moradias a preço de custo."
De acordo com o IBGE, apesar de o varejo nacional de material de construção ter vendido 2,54% mais até agosto em relação a 2005, no Paraná houve queda de 12,92%. "Isso reflete a crise do campo", diz o presidente da Anamaco da região de Londrina, Pedro Garcia Joaquim. Ele acredita que, sem o incentivo do governo, a queda nas vendas poderia ter sido maior.
Mas, se o aquecimento não veio, os varejistas comemoram a queda dos preços. Além da redução de imposto, a redução nas exportações causada pela desvalorização do dólar faz com que haja mais produto no mercado, o que acirra a concorrência e força os preços para baixo. Na rede Bigolin, que tem sete unidades no estado, o saco de cimento caiu de R$ 20 para R$ 15. "Com oferta maior, conseguimos negociar melhor", diz o assessor Nilson Fante.
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