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Juros salgados

Consumidor não vai sentir os efeitos da queda da Selic em 2016

Ilan Goldfajn, presidente do BC: Selic ainda em 14,25%. | Wilson Dias/Agência Brasil
Ilan Goldfajn, presidente do BC: Selic ainda em 14,25%. (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

Mesmo com o discurso austero do Banco Central em relação à política monetária que se viu na divulgação do Relatório de Inflação, na terça-feira (28), grande parte dos analistas de mercado continua acreditando em um corte na Taxa Selic ainda em 2016. As projeções que antes miravam na reunião de agosto agora acreditam que as quedas devem acontecer em outubro ou novembro. Além disso, os agentes que antes acreditavam que a taxa básica de juros pudesse fechar 2016 abaixo dos 13% já têm indicado um novo cenário em torno de 13,75%. Essa queda, ainda que aguardada ansiosamente pelo mercado e pelo setor produtivo, deve impactar pouco sobre o preço do crédito para o consumidor.

O principal fator que impede o repasse da eventual redução da taxa Selic para os juros cobrados em operações de crédito é o aumento da inadimplência no país. Isso faz com que as instituições financeiras aumentam suas taxas de juros para compensar prováveis perdas. O relatório anual do Banco Internacional de Compensações (BIS) mostra que em 2015 os bancos brasileiros registraram o segundo maior volume de provisões para perdas com empréstimos. A previsão do BIS é que a situação não mude em 2016.

Antonio Madeira, economista da consultoria LCA explica que quando o Banco Central diminui a Selic, fica mais barato para os bancos captarem dinheiro. Entretanto, outros fatores que compõem o preço do crédito bancário – como o risco de inadimplência – também influenciam a taxa para o consumidor. “A perspectiva ainda é de um custo bem salgado”, diz.

Taxas de juros x Selic

A Taxa Selic tem-se mantido inalterada em 14,25% desde o fim de julho de 2015. Mesmo com essa estabilidade, as taxas de juros para pessoa física e jurídica cresceram paulatinamente no mesmo período. No mês de maio, de acordo com uma pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), as taxas de juros das operações de crédito registraram a vigésima elevação consecutiva.

Para Miguel Oliveira, economista da Anefac, a tendência é que mesmo com uma queda da Selic, as taxas para o consumidor continuem subindo. “Se por um lado a Selic cai, por outro lado a economia continua em recessão e o desemprego continua aumentando, o que faz com que a inadimplência também cresça. Deste modo, as taxas de juros para o consumidor vão continuar crescendo”, afirma. Segundo ele, para que os consumidores sintam o benefício de uma queda da Selic, o corte teria que ser grande, o que não deve acontecer.

Dados da pesquisa mensal de juros da Anefac mostram que considerando todas as elevações da Selic promovidas pelo Banco Central desde março de 2013, registrou-se uma alta de 7 pontos percentuais na taxa. No mesmo período, a taxa de juros média para pessoas físicas apresentou uma elevação de 62 pontos percentuais e para pessoas jurídicas houve elevação de 28 pontos percentuais.

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