Com o preço da carne bovina em alta, o jeito é gastar mais para manter o cardápio e fazer pequenas alterações no decorrer da semana. É o que faz o casal Raquel Pedroso Machado e Roberto Donizete Machado. Com quatro filhos em casa, a preferência na mesa é a carne bovina, mas sempre que possível Raquel incrementa a refeição com uma carne suína ou apela para a carne bovina moída, de segunda, que é mais barata. "Fazemos compra a cada quinzena e o aumento da carne do boi pesou, mas vamos fazer o quê? Não dá para abrir mão", comenta Machado, que é segurança.
A professora Karine Mioduski Rodrigues e o marido Marco Rodrigues também adotam o mesmo comportamento. "Compramos frango, enlatados e peixe, mas não dá para deixar de comprar carne bovina porque a gente sente falta", comenta. Eles são apenas três na residência, mas para manter a carne de boi é preciso gastar um pouco mais no mercado. "Não é só a carne que subiu; outros derivados também, como o leite, então temos de economizar na medida do possível", diz.
A também professora Taísa Justus, que mora apenas com uma empregada doméstica, avalia que a alta do alimento é sentida principalmente nas casas com famílias numerosas. "Eu, como sou praticamente sozinha, posso manter esse pequeno luxo", afirma. Taísa lembra que o dinheiro usado para comprar um pedaço de carne bovina hoje dava para comprar duas quantidades no começo do ano passado. "Mas é assim mesmo, baixar não vai", acredita.
Cleverson Luís Alves da Silva, que é açougueiro, conta que mesmo com a alta o consumo foi grande. "Só nas festas de fim de ano o movimento cresceu 70%", relata. Ele afirma que a venda de carne suína tem crescido, mas ainda não bate a de carne de boi.
Quem não abre mão de um churrasco com os amigos sente no bolso a manutenção do hábito. O empresário José Luiz Zanella, que reúne os funcionários e amigos pelo menos duas vezes por semana na churrasqueira de sua gráfica, diz que até meados do ano passado o rateio saía a R$ 15 por pessoa, mas agora sai por R$ 20. "O jeito vai ser todo mundo virar vegetariano", brinca. Mas, reforça Zanella, é difícil mudar o hábito. "Quem come picanha não vai querer trocar por outra coisa", acrescenta.