O mês de janeiro concentra gastos extras que normalmente ultrapassam a renda mensal do trabalhador. É neste mês que chegam os carnês do IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) e IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor), quando já não há mais nem sombra do décimo terceiro e, em alguns casos, ainda sobraram dívidas do ano anterior. Muitas vezes, não dá para pagar os impostos à vista. Existe a possibilidade de fazer o parcelamento ou recorrer a crédito bancário para quitação com desconto, mas, segundo especialistas, a melhor opção é ficar longe de qualquer tipo de empréstimo.
Para Miguel José Ribeiro de Oliveira, da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a maneira ideal para pagar esses impostos depende do perfil do contribuinte. Para quem tem dinheiro aplicado, em fundos ou na caderneta de poupança, o melhor é resgatar dinheiro da aplicação para aproveitar os descontos à vista. "Os juros que estão embutidos nas parcelas são maiores do que os rendimentos das aplicações", explica.
Se o contribuinte não tem dinheiro aplicado e não tem como pagar à vista, o ideal é aproveitar o parcelamento oferecido pelo poder público. Os juros cobrados pelo governo e pela prefeitura são menores do que no crédito pessoal, cartão de crédito ou cheque especial.
Mas, para quem já está endividado ou precisa de um prazo maior do que o parcelamento, as melhores opções de empréstimos são o crédito consignado, micro crédito ou as linhas de crédito especiais, como as que antecipam a restituição do imposto de renda ou o décimo terceiro, ou ainda penhor de jóias. "É preciso pesquisar para se chegar aos menores juros do mercado, mas o ideal mesmo é não se endividar", completa Oliveira.
O consultor de finanças Cláudio Boriola tem uma opinião mais radical. Para ele, a tomada de empréstimo não deve sequer ser considerada como opção. "Se o contribuinte não tem como pagar contas básicas, como os impostos, é porque chegou a hora de rever o orçamento e adotar um padrão de vida mais baixo, cortar supérfluos e planejar as contas", diz.
Segundo Boriola, é este o momento de pensar em alternativas para manter uma vida econômica saudável e aprender a se controlar, sem consumir o que não é necessário. Além do mais, lembra o consultor, o contribuinte não pode se esquecer de outras contas de início de ano, como material escolar e reajustes de mensalidades. "Na economia não tem milagre, não se pode gastar mais do que se ganha. O brasileiro tem que reaprender a poupar."