Curitiba A liquidação extrajudicial do Consórcio Nacional Objetiva, decretada pelo Banco Central na semana passada, atingiu pelo menos 700 pessoas no Paraná. De acordo com o liquidante nomeado pelo BC, Valdir da Costa Frazão, a liquidação visa "preservar os direitos dos credores do consórcio", já que "houve um comprometimento da capacidade da empresa de honrar seus compromissos". Ou seja, a Objetiva pode não ter dinheiro suficiente para pagar o que deve aos consorciados o rombo no final de junho seria de R$ 720 mil. Os bens de seus dois ex-controladores, Mauro José Vecchi e Márcio Luiz Vecchi, estão bloqueados por determinação do BC.
Ontem foi o primeiro dia de trabalho de Frazão na empresa, que tem sede em Curitiba e iniciou suas atividades em 1998. Ele informou que está fazendo um levantamento do atual patrimônio da Objetiva para saber qual é o valor disponível para o pagamento dos credores consorciados que, com ou sem carta de crédito, têm dinheiro a receber. Somente após a conclusão desse estudo é que eles serão convocados, por carta, para discutir sua situação.
Até 30 de junho, o consórcio de veículos da Objetiva tinha 734 participantes ativos, divididos em cinco grupos de automóveis e três de motocicletas. Parte dessas pessoas já retiraram os bens a que tinham direito. Elas são, portanto, devedoras da Objetiva, e devem continuar pagando as parcelas do consórcio. Às demais, resta aguardar a convocação para saber quando e quanto irão receber. O valor total dos mais de 300 bens a serem entregues é de quase R$ 3 milhões. Consorciados desistentes ou excluídos dos grupos têm aproximadamente R$ 1,3 milhão a receber.
Um dos credores é o jornalista aposentado Mário Nunes Nascimento. Seu filho Aniel havia adquirido o consórcio de 60 meses de um veículo de R$ 9,9 mil. Aniel pagou algumas parcelas e em seguida repassou o consórcio ao pai, que quitou até a 58.ª prestação. Mesmo tendo sido sorteado já no ano passado, Nascimento optou por solicitar a carta de crédito mais tarde e assim retirar o valor integral, que seria utilizado para a compra de um imóvel.
Há dois meses, Nascimento entrou em contato com a Objetiva, que lhe informou que pagaria o total devido aproximadamente R$ 10,4 mil no dia 10 de outubro. A notícia da liquidação interrompeu bruscamente os planos do aposentado. "Falei com um advogado, mas ele disse que é muito difícil processar uma empresa nessa situação", reclama. "O que podemos dizer no momento é: paciência", diz o liquidante Valdir da Costa Frazão. "Os consorciados precisarão ter um pouco de paciência".