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Curitiba – Seis emissoras brasileiras de rádio (localizadas nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul) já receberam autorização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para transmitir sua programação em sistema digital a partir desta semana. A exploração da tecnologia "In band on channel" (Iboc) representa um grande passo para a radiodifusão nacional – já que apenas Estados Unidos, Canadá e México possuem operações semelhantes –, mas, em um primeiro momento, ela poderá ser experimentada por uma parcela ínfima de ouvintes. Os aparelhos receptores de rádio digital ainda não estão oficialmente à venda no Brasil e, de acordo com especialistas, serão inicialmente comercializados a preços bastante salgados – entre R$ 600 e R$ 800 no caso dos modelos mais simples.

O pólo eletroeletrônico de Manaus já produz esses equipamentos, mas, por falta de mercado, só os exporta. Na prática, quando o sistema digital estiver implantado e difundido para mais regiões, quem tiver um aparelho habilitado ouvirá rádios AM com qualidade de FM e FM com qualidade de CD. O presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), José Inácio Pizani, se anima com as possibilidades abertas pela nova tecnologia. "Teremos uma redução significativa no preço dos receptores em um ano", adianta.

Uma das grandes vantagens dessa transmissão é que ela está imune a interferências. Por isso, o som é mais limpo e as interrupções praticamente deixam de existir. Embora só a difusão de som esteja sendo testada no Brasil, a nova tecnologia oferece um número irrestrito de aplicações em termos de convergência tecnológica, como a transmissão de textos, imagens e outros serviços multimídia. "O sistema digital abre as portas para o avanço das rádios com novos serviços. Com o decorrer do tempo, previsão do tempo, informações relacionadas à programação e a visualização de mapas na tela dos aparelhos será possível", diz Pizani.

Ontem, a Anatel liberou os testes em transmissão digital para mais duas emissoras. A Rádio Bandeirantes AM e a Cidade FM, de São Paulo, juntaram-se à CBN paulistana, à Globo Minas AM, de Belo Horizonte, e às porto-alegrenses Itapema FM e Gaúcha AM. De acordo com a Abert, 30 solicitações para operação digital já foram encaminhadas à agência reguladora. Assim, em breve, testes de transmissão digital passarão a funcionar em outras capitais brasileiras, como Rio de Janeiro, Brasília e Curitiba.

A Anatel não divulga as datas das próximas concessões digitais, mas o mercado especula que elas serão publicadas nos próximos 30 dias. Na capital paranaense, as rádios Globo AM, Joven Pan FM, CBN e 98 FM, por exemplo, poderão se beneficiar nas futuras autorizações. "As emissoras já vinham se equipando e se mantendo atualizadas. A única parte analógica que restava no funcionamento de uma rádio era a transmissão", conta Pizani, explicando que, no caso das empresas em dia com transmissores de última geração, o investimento para iniciar de fato uma emissão de sinais digitais fica em torno dos US$ 50 mil – basicamente para a licença de softwares.

A curitibana Rádio Clube, que opera tanto em AM como em FM, encontra-se nessa situação. "Temos som, mesa, transmissor e link digital. Falta um modulador e a autorização da Anatel", explica o coordenador da Clube FM, Lourenço Palitto Pedrazzani.

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