O recente referendo que definiu a separação de Sérvia e Montenegro ainda não se reflete no futebol: os dois novos estados balcânicos serão um só na Copa do Mundo 2006. É neste fervor político dos que a arquiteta de 29 anos, Natálie Rocha Rodrigues Ristic, analisa o clima de Copa. Natálie mora há dois anos na cidade de Belgrado, com seu marido sérvio. O casal acompanhou a Copa 2002 no Brasil, e o marido de Natálie soube o que é ver o mundial no Brasil – ainda mais com a vitória do time de Ronaldo. Agora é a vez de Natálie acompanhar o mundial no (novo) país do marido. E dizer para nós como estão as coisas por lá. É com você Natálie:

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"Aqui na Sérvia, a expectativa é grande pra ver a Copa. Como todos os campeonatos de futebol, o pessoal aqui gosta de futebol, mas não é assim como brasileiro. O fato de Sérvia e de Montenegro se separarem não mudará o time ou a competição, aliás o pessoal por aqui já esperava a separação, desde que cheguei em Belgrado ouço isso. Mas graças a Deus essa separação veio de forma amigável, sem guerra.

É estranho ver o pessoal esperando a competição pra ver até onde vai chegar o seu time, pois me acostumei a sempre esperar a Copa pra ver se seremos os primeiros ou não. Mais estranho ainda foi ver na TV a seguinte pesquisa: ‘pra quem você está torcendo na Copa do Mundo?’ – ‘Ué não é para Sérvia?’, pensei. E todos, mas todos mesmo, responderam: Brasil! O povo aqui adora o Brasil e tudo que vem de lá. Acham que sou doida por deixar o Brasil e vir morar aqui. Todos têm o sonho de um dia visitar o país.

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Por aqui temos o álbum de figurinhas da Copa. É uma febre; o que deveria ser para as crianças virou coisa de adulto. Todos os dias um monte de gente (dos cinco aos 80 anos) vai à praça central da cidade só pra trocar figurinhas e completar o álbum. Aliás, eu já completei. Muita gente sabe de cor-e-salteado todos os jogadores da Sérvia e do Brasil, pode? As figurinhas mais disputadas e valiosas aqui são as do Ronaldinho, do Ronaldo e da seleção brasileira.

Outro dia, meu marido e eu fomos a uma festa em que a entrada era cinco pacotinhos de figurinhas! Na festa, estavam todos trocando figurinha – saímos as duas da manhã como mais de 100 novas figurinhas.

Na rádio, se já tinha alguma música brasileira antes agora só toca isso, devido à proximidade da Copa. Até esqueço que não estou no Brasil de tanta música brasileira que ouço. Outro dia saí com uma blusa do Brasil, e fui parada três vezes pra me perguntarem onde comprei. Não dá para descrever a cara das meninas quando disse que tinha comprado no Brasil. Só tirando foto, mesmo.

A comunidade brasileira aqui é pequena, não passa de 30 em todo o país. Estamos nos organizando pra assistir aos jogos juntos num Café. E pelo que parece vai ter mais sérvios torcendo pelo Brasil nesse Café do que brasileiros. É muito diferente e bom ser brasileiro neste país. Esperar a Copa e ter ajuda pra torcer pelo Brasil é melhor ainda."

Leia a matéria anterior: Brasileira mostra aos vikings como se faz uma boa torcida.

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Acompanhe a cobertura completa do mundial no site da Copa, da Gazeta do Povo Online.

Próxima história: A Copa do Mundo num pôlder, o mundial na terra dos moinhos - Holanda, neste sábado 27/05.