O Paraná não corre risco de desabastecimento de gás natural, como ocorreu em São Paulo e Rio de Janeiro nesta semana. A afirmação é da Compagás, estatal responsável pela distribuição de gás canalizado no estado. Segundo a direção da empresa, a redução no fornecimento às distribuidoras Ceg, do Rio de Janeiro, e Comgás, de São Paulo, foi "pontual" e ocorreu porque as empresas vinham consumindo volumes superiores aos contratados com a Petrobrás. Como o Paraná consome menos que o máximo estabelecido em contrato, não deverá ser afetado pelas restrições.
A Compagás informa que os paranaenses consomem em média 880 mil metros cúbicos de gás natural por dia, enquanto o contrato firmado com a Petrobrás permite até 1 milhão de metros cúbicos. Além disso, os cortes no Sudeste "se referem ao gás natural nacional, que possui cláusulas contratuais diferentes das aplicadas pela Petrobrás às distribuidoras que consomem o gás importado da Bolívia, como é o caso da Compagás", informou a distribuidora. "Nossos consumidores podem ficar tranqüilos", disse em nota o presidente da Compagás, Luiz Carlos Meinert.
Na terça-feira, a Petrobrás reduziu em 17% o volume de gás enviado às distribuidoras de São Paulo e Rio de Janeiro e desviou o combustível para usinas termelétricas. O racionamento prejudicou consumidores de gás natural veicular (GNV) e empresas que usam o combustível em seus processos. A estatal diz estar cumprindo um termo firmado em maio com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no qual se comprometeu a garantir o fornecimento de gás às termelétricas.
A Abegás, que representa as distribuidoras brasileiras, classificou a atitude da Petrobrás de "arbitrária" e afirmou que ela "menospreza todos os consumidores", além de gerar "incertezas sobre os investimentos da indústria de gás natural".
O empresário Rubico Camargo, ex-presidente da Compagás, avalia que nos últimos anos a Petrobrás exagerou no estímulo ao consumo de gás natural, e foi surpreendida pelas dificuldades com o gás boliviano e atrasos nos projetos de exploração na costa brasileira. Mas, para ele, a atitude de dar prioridade à geração de energia elétrica é correta. "Fábricas que consomem gás geralmente têm a alternativa de usar outros combustíveis em emergências. O mesmo vale para quem tem carro a GNV", diz.
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