A economia brasileira encolheu 0,5% no terceiro trimestre de 2013 sobre o trimestre anterior, registrando o primeiro resultado negativo do ano e também o pior dos últimos quatros anos, puxado, sobretudo, pela queda nos investimentos. Em um contexto de novo ciclo de alta nos juros, crédito mais restrito e credibilidade em baixa, uma recuperação na reta final do ano é difícil, mas não impossível, segundo os analistas.
Em termos de demanda, ao contrário do trimestre anterior, a economia gerada entre julho e setembro de 2013 não foi puxada pelos investimentos (a formação bruta da capital fixo, que recuou 2,2%), mas sim pelo consumo das famílias, que cresceu 1%, e do governo (1,2%). Tal dado, para boa parte dos economistas, confirma a perda do dinamismo da economia brasileira.
Sob a ótica de produção e oferta, a agropecuária fez o caminho inverso do segundo trimestre e registrou um recuo de 3,5% no valor adicionado movimento que é considerado natural pela economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Zara, diante dos avanços que o setor registrou nos períodos anteriores.
Ao mesmo tempo, indústria e o setor de serviços (que no índice do PIB também inclui o comércio) mantiveram-se praticamente estáveis, com pequenas altas de 0,1%, ambos.
Sobre o mesmo trimestre de 2012, o período de julho a setembro deste ano registrou alta de 2,2%. Nesse caso, o resultado foi puxado tanto pelo maior dinamismo de alguns setores em relação ao ano anterior, como o de serviços, como também pelos avanços das transações comerciais externas (exportações, com 3,1%, e importações, com 13,7%) e dos investimentos (7,3%).
Perspectivas
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, apesar da queda no último trimestre, a economia brasileira está em trajetória de expansão gradual. "Nosso crescimento de 2012 será de 1% e este ano estaremos crescendo mais que o ano passado", disse ele à Agência Estado, mencionando o dado de 2012 revisado pelo IBGE. "Portanto, a economia brasileira está numa trajetória de crescimento gradual que deve continuar nos próximos trimestres." Ele acredita em um PIB entre 2,3% e 2,4% para o ano de 2013. Surpreendentemente, as previsões do ministro estão um tanto mais comedidas que algumas do mercado, que apontam para um crescimento ligeiramente maior para o ano, de 2,5%. No geral, governo e mercado concordam que bons resultados dependerão, de qualquer forma, de um maior dinamismo da indústria e da retomada dos investimentos.