Estudo inédito realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta que o consumo de álcool no Brasil deve aumentar 50,46% entre 2007 e 2011, de 16,47 bilhões de litros para 24,78 bilhões de litros por ano. O trabalho "O etanol como um novo combustível universal", divulgado nesta quinta-feira durante a Feira Internacional da Indústria Sucroalcooleira (Fenasucro), em Sertãozinho (SP), aponta também que o consumo da gasolina no Brasil vai cair 9,64% entre o ano passado e 2011. De acordo com a Conab a demanda pela gasolina A (pura) sairá de 17,779 bilhões de litros para 16,065 bilhões ao ano e a gasolina C, com 25% de mistura de álcool anidro, terá um consumo anual de 24,025 bilhões de litros reduzido até 21,709 bilhões de litros no período.
O estudo, realizado pelo técnico da Conab Ângelo Bressan Filho, aponta que a disparada no crescimento do consumo de etanol no mercado interno, que atualmente responde pelo destino de 72% da produção nacional do combustível, ocorrerá exclusivamente pelo aumento da demanda pelo hidratado, o comercializado nos postos e utilizado no abastecimento de veículos a álcool ou nos flex fuel Como a demanda pela gasolina vai cair, conseqüentemente haverá uma redução na necessidade de utilização do álcool anidro na mistura.
Os dados apontam que a demanda pelo álcool hidratado vai aumentar de 10,227 bilhões de litros em 2007 para 19,142 bilhões de litros em 2011, ou 87,17% em quatro anos. Já o consumo de anidro vai recuar 9,65% no mesmo período, de 6,247 bilhões de litros para 5,644 bilhões de litros. Ainda no período, a participação do álcool hidratado na demanda total de etanol deve saltar de 62,1% no ano passado para 77,2% em 2011. Em contrapartida, a fatia de álcool anidro na oferta deve cair de 37,9% em 2007 para 22,8%.
O estudo utilizou como base uma frota total de veículos à gasolina ou a álcool (Ciclo Otto) estimada em 22,571 milhões de unidades em 2007, com um crescimento anual previsto de 5% em 2008, de 3,8% em 2009 e de 3,7% em 2010 e 2011, até atingir 26,474 milhões de unidades. Deste total, a frota de veículos flex fuel deve saltar do correspondente a 20,5% em 2007 para 44,2% em 2011 e a dos movidos à gasolina vai recuar de 69,9% para 50,9%. Já a participação dos veículos exclusivamente a álcool, que não são mais fabricados, deve recuar 9,5% do total para 4,9% com o sucateamento da frota.
O estudo da Conab estimou ainda que as exportações de álcool devam crescer em ritmo mais forte que o aumento da demanda no mercado interno, apesar de um volume menor. Os dados apontam que até o final de 2008 serão enviados a outros países 4,176 bilhões de litros, ou 18,21% a mais que os 3,532 bilhões de litros de 2007. Já em 2011 as exportações devem chegar a 6,106 bilhões de litros, um aumento de 72,85% sobre o resultado do ano passado.
Os Estados Unidos, que hoje respondem diretamente ou indiretamente por 59% do álcool importado pelo Brasil, seguirão como o principal mercado do País até 2011, aponta o trabalho. Os dados mostram que o mercado norte-americano deve importar 2,699 bilhões de litros em 2008, volume que vai saltar para 3,946 bilhões de litros em 2011. Os volumes são a soma do álcool que vai direto para os Estados Unidos com o que chega ao país por meio de países do Caribe. Já as vendas para os Países Baixos, porta de entrada para a Europa, devem aumentar de 977 milhões de litros em 2008 para 1,428 bilhão de litros em 2011.
Para produzir o álcool necessário ao mercado interno e externo, a Conab estima que seja necessário um aumento de 35,649 milhões de toneladas de cana-de-açúcar processadas pela indústria brasileira este ano e de, em média, 32 milhões de toneladas de cana por ano de incremento por ano até 2011. Já a área adicional de cana destinada ao álcool terá de crescer 380 mil hectares por ano, em média, no mesmo período.