O consumo de combustíveis no Brasil subiu 0,3 por cento no primeiro semestre comparado a igual período do ano passado, revelaram dados divulgados nesta segunda-feira pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.
O consumo de óleo diesel correspondeu a 54,6 por cento da matriz veicular no período e caiu 4,8 por cento na comparação com o primeiro semestre de 2008, período em que houve forte aceleração econômica no país quando o Produto Interno Bruto (PIB) subia 6 por cento sobre os seis primeiros meses de 2007.
O diesel, largamente usado nas indústrias e no agronegócio, teve seu uso reduzido não apenas pela crise econômica como pelo aumento de 2 para 3 por cento da mistura com o biodiesel. De janeiro a junho, o Brasil consumiu mais 42,7 por cento de biodiesel, informou a ANP.
Segundo a ANP, o consumo de gasolina C, que pela primeira vez no ano passado ficou abaixo do de álcool, continua praticamente estável e registrou no primeiro semestre alta de 0,1 por cento contra igual período de 2008.
Já o etanol teve alta de vendas de 17,7 por cento, sendo 26,5 por cento no hidratado e 0,1 por cento no anidro.
Para o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes, Alísio Vaz, o crescimento da venda de álcool se deve em parte ao aumento da sonegação fiscal de alguns postos, que estariam vendendo a preços "impossíveis de serem praticados", segundo ele.
"O álcool vai de vento em popa, por isso é importante que haja um controle maior da evasão de impostos. Estimamos que 30 por cento do álcool consumido deixou de pagar alguma taxa", disse Vaz a jornalistas durante evento para divulgação dos dados da ANP.
Para Vaz, apesar da crise o país deve fechar o ano com consumo "levemente maior" do que o registrado no ano passado.
"Hoje já estamos praticamente acima do volume vendido no pré-crise, não é impossível superar o volume de vendas de 2008", afirmou, lembrando que no ano passado o consumo foi recorde em 76,3 bilhões de litros.
A ANP explicou que os preços do etanol comportaram-se de maneira atípica este ano, "com patamares inferiores à média dos últimos anos e quedas em plena entressafra", o que poderia explicar a maior procura pelo produto.
Em contrapartida, o Gás Natural Veicular (GNV), cujos preços estiveram em alta no primeiro semestre, registrou queda de 13,8 por cento no consumo de janeiro a junho.
Pelos números da ANP, que incluem postos não filiados ao Sindicom e alguns produtos não comercializados nos postos, o consumo total de combustíveis até junho foi de 51,3 bilhões de litros.
O chamado gás de cozinha, que não faz parte das contas do Sindicom, teve queda de 2,6 por cento no primeiro semestre, enquanto o óleo combustível, utilizado por indústrias, caiu 8,6 por cento. O querosene de aviação também apresentou retração, de 0,8 por cento, apesar da alta de 3,23 por cento no tráfego aéreo nos seis primeiros meses do ano. (Por Denise Luna).