O consumo de gasolina começou forte em 2011 no Brasil, depois de registrar um recorde no fim de 2010, mas por enquanto a Petrobras não cogita importar o combustível, afirmou à Reuters o diretor de Abastecimento da empresa, Paulo Roberto Costa.
"Entrou forte (o consumo) porque o preço do etanol em vários Estados não está competitivo com a gasolina", explicou o executivo à Reuters nesta sexta-feira.
"Nesse momento, não (vai precisar importar), a gente está com produção suficiente, processando o máximo possível, e todo dia a gente faz uma conta para ver o que é melhor produzir, se é gasolina, se é diesel", disse.
Entre março e abril do ano passado, a Petrobras importou 2,4 milhões de barris de gasolina motivada pelo aumento da demanda pelo produto, que em algumas épocas do ano tem preço mais competitivo do que o etanol por questões de safra ou climáticas.
Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), referentes à semana passada, a gasolina está mais cara do que o etanol em 21 Estados brasileiros.
Esta semana a Petrobras informou que bateu recorde de vendas do combustível em dezembro, assim como de querosene de aviação, e fechou o ano com vendas 17,8 e 16,6 por cento maiores, respectivamente.
Para Costa, em 2011 o crescimento das vendas dos dois combustíveis poderá ser mais tímido, já que geralmente acompanha de alguma forma o desempenho da economia.
Em 2010, no entanto, o movimento foi atípico, com as vendas de gasolina e QAV superando as previsões do PIB para o ano.
"Em 2010 o crescimento dos derivados foi maior do que o PIB, o que não é comum, pode ter mudado o perfil", disse Costa, lembrando que nos últimos anos a alta do poder aquisitivo provocou um boom no país de venda de automóveis e passagens de avião, entre outros itens.
Ele destacou os números divulgados pela Agência Nacional de Aviação (Anac) na quinta-feira, que mostraram crescimento de 23,5 por cento da demanda por vôos em 2010.
"Eu acho que isso já é um fato incorporado na economia (a entrada de novos consumidores)", avaliou.
Enquanto para 2010 as projeções oficiais apontam para alta entre 7,5 e 8 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) , para 2011 as estimativas giram em torno de 4,5 e 5 por cento.