Os importados estão ganhando o espaço da indústria brasileira no mercado interno. Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que a participação de produtos estrangeiros no consumo brasileiro é a maior desde 2011, mesmo com a desvalorização do real frente ao dólar no ano passado, que acaba encarecendo as compras de produtos de fora do país.
Os dados do levantamento mostram que 18,4% do consumo nacional é feito com produtos importados. Segundo a entidade, o comportamento pode ser explicado pela defasagem das importações em relação ao câmbio, que pode ser influenciada por incertezas na manutenção do patamar do câmbio ou por dificuldade em se substituir fornecedores externos por produtores domésticos.
“Isso indica que a competitividade da indústria brasileira ainda é baixa diante dos principais parceiros comerciais”, afirma o gerente-executivo de Pesquisas e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca.
“Para o país ganhar competitividade, é preciso aumentar a produtividade das fábricas e reduzir o custo Brasil, que é elevado por causa das deficiências da infraestrutura, do excesso de burocracia e de tributação”, alerta.
Entre os 23 setores da indústria de transformação analisados, apenas três registraram queda no consumo de importados e ganharam espaço no mercado doméstico entre 2017 e 2018. “O coeficiente de penetração de importações de coque, derivados de petróleo e biocombustíveis caiu 2,1 pontos percentuais, o de celulose e papel recuou 0,4 ponto percentual e o de bebidas diminuiu 0,3 ponto percentual”, informa o estudo.
Um dos segmentos em que os importados entraram com maior vigor foi o de insumos industriais. A participação passou de 22,1%, em 2016, para 24,3%, no ano passado. Apenas três segmentos reduziram o uso de insumos importados em sua produção no ano passado: metalurgia, impressão e reprodução e químicos. Mas, neles, o crescimento do consumo de insumos domésticos foi maior do que o de importados.