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Hernandez Vivas e a filha em frente ao apartamento em Madri. Eles estão ameaçados de despejo | Juan Medina/Reuters
Hernandez Vivas e a filha em frente ao apartamento em Madri. Eles estão ameaçados de despejo| Foto: Juan Medina/Reuters

Reflexos

Mais de 500 famílias espanholas são despejadas diariamente

Das agências

O Conselho Geral do Poder Judiciário na Espanha contabiliza que, por dia, 517 famílias são despejadas de suas casas por falta de pagamento do aluguel ou das prestações do financiamento imobiliário (hipoteca). Somente no primeiro trimestre deste ano 46.559 despejos foram registrados. Desde 2008, quase 400 mil execuções hipotecárias foram decididas pela Justiça. Os dados são da Agência Brasil, com base em informações da BBC Brasil.

A inadimplência das famílias estimula a recessão na Espanha, um dos países mais atingidos pela crise econômica na zona do euro. A estimativa é que os bancos espanhóis devam precisar de mais de 59 bilhões de euros para suportar o não pagamento das dívidas.

Entidades da sociedade civil protestam contra a situação. Ada Colau, ativista do direito à moradia e uma das fundadoras do movimento social Plataforma dos Afetados pela Hipoteca (PAH), lembra que na época do boom imobiliário, o governo "facilitou o crédito de maneira irresponsável" e, agora, anuncia cortes em gastos com educação e saúde, no momento em que tenta capitalizar o sistema financeiro e evitar falência de bancos.

Entre 1997 e 2007, época de expansão econômica na Espanha e na Europa, construíram-se 390 mil moradias por ano no país, os preços dos imóveis aumentaram 200%. A PAH estima que o país termine 2012 com mais de 180 mil famílias despejadas.

Outra agência de notícias, Reuters, divulgou ontem uma série de imagens produzidas a partir de situações de despejo. Em uma delas, Edward Hernandez Vivas segura sua filha, Ariadne, em frente ao apartamento em Madri, pouco antes de saber que a ordem de despejo havia sido suspensa.

Hernandez é colombiano, foi para a Espanha em 2001 e diz que não está conseguindo manter os pagamentos da hipoteca do seu imóvel, pelo Deutsche Bank, em dia. Ainda nesta semana, a Espanha divulgou um planejamento pontuado de reformas e um orçamento apertado para o ano de 2013. Um quarto dos trabalhadores espanhóis está sem emprego e dezenas de famílias estão perdendo suas casas desde 2008, quando uma bolha imobiliária estourou no país.

O governo português anunciou ontem que aumentará em 30% o imposto de renda das pessoas físicas para cumprir as metas do resgate de 78 bilhões de euros (R$ 195 bilhões) concedido em maio de 2011.

De acordo com o ministro das Finanças de Portugal, Vitor Gaspar, o imposto passará de uma taxa média de 9,8% para 13,2%. O aumento se deve a uma revisão dos patamares de pagamento e um aumento das alíquotas em cada um dos níveis.

Gaspar afirmou que as alterações ajudarão a aumentar a progressividade do imposto, ou seja, elevando mais as taxas dos rendimentos dos mais ricos em relação aos dos mais pobres.

As altas nas alíquotas ainda serão cobradas para todos os meses do ano, ao contrário de 2011, quando a sobretaxa foi aplicada apenas para os salários de dezembro.

O ministro também anunciou um aumento da tributação nos bens de capital, rendimentos da poupança, patrimônio, bens do mercado de luxo, tabaco e transações financeiras. Para tentar aumentar a arrecadação, o governo ainda aprovou uma série de medidas para combater a evasão fiscal e a economia paralela.

Austeridade

O ministro das Finanças considera o pacote de aumento de impostos como a solução para conseguir chegar mais perto da meta do deficit público, de 5% do PIB (Produto Interno Bruto).

Os números foram revisados no mês passado pelo grupo de credores do Banco Central Europeu e do FMI (Fundo Monetário Internacional) conhecido como troica. O objetivo inicial era de 4,5%.

Lisboa ainda anunciou projeções para o desemprego, que foram revisadas para cima, e o crescimento, mantidas, em 2012. A expectativa é que o país chegue a 16,4% de pessoas desocupadas neste ano, décimos a mais que a estimativa anterior. Em relação ao PIB, a previsão é de queda de 1%, a mesma que no relatório publicado em junho.

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