Depois de o Banco Central revelar uma deterioração das previsões de inflação e do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), foi a vez de o Tesouro Nacional divulgar um déficit de R$ 10,5 bilhões nas contas do governo em maio o pior resultado da história para o mês. O resultado reúne as contas do Tesouro, INSS e Banco Central e deveria mostrar um superávit, pois representa o valor que é usado para honrar o serviço da dívida pública.
Com o déficit das contas públicas, o superávit primário acumulado desde janeiro recuou para R$ 19,16 bilhões, registrando uma queda de 42,4% em comparação ao saldo registrado no mesmo período do ano passado. Analistas do mercado reforçaram a avaliação de que o governo não conseguirá cumprir a meta fiscal prevista para 2014, mesmo com as receitas extraordinárias que a equipe econômica já conta para engordar o caixa este ano, entre elas o novo parcelamento de débitos tributários, o Refis, o leilão do 4G e os R$ 2 bilhões do bônus que a Petrobras pagará à União para explorar o volume excedente de quatro áreas da camada do pré-sal.
"De forma alguma será cumprida a meta de 1,9%, mesmo com Refis, mesmo com entrada de dinheiro da Petrobras", avaliou a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour. Para ela, o mais provável é que o superávit chegue a 1,3% ou 1,4% do PIB.
"Precipitação"
Apesar do aumento da preocupação do mercado com a política fiscal, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, assegurou que a meta do ano será cumprida e que "não há nada" que altere esse caminho. "É precipitação completa enxergar que há dificuldade para cumprimento da meta", disparou o secretário, que conta também com uma economia de gastos dos estados e municípios maior do que a esperada.
O secretário destacou que, embora o resultado tenha sido negativo em maio, houve um aumento "significativo" dos investimentos. Somente em maio os investimentos somaram R$ R$ 7,560 bilhões. No ano, os investimentos registraram uma alta de 30% e somam R$ 34,9 bilhões.