Com o dólar alto, que incentiva as exportações e desestimula os gastos dos brasileiros no exterior, o rombo das contas externas brasileira caiu mais da metade em maio. O déficit de todas as trocas de serviços e do comércio do país com o resto do mundo ficou em US$ 3,4 bilhões: 57% a menos que no mesmo mês de 2014.
INFOGRÁFICO: Veja o déficit nas transações correntes do Brasil
Os investimentos estrangeiros no país também diminuíram, na comparação com o mesmo período de 2014. Caíram de US$ 9,6 bilhões para US$ 6,6 bilhões, mas ainda assim cobriram com folga o déficit das contas externas no mês passado. Para os especialistas, isso é considerado o melhor tipo de financiamento, já que o investimento chega para aumentar a capacidade de produção das fábricas.
Os dados dos cinco primeiros meses do ano mostram uma mudança no perfil das contas externas do país. O déficit em transações correntes caiu de US$ 44,9 bilhões para 35,8 bilhões e os investimentos somam US$ 25,5 bilhões, 35% a menos que nos cinco primeiros meses de 2014.
Os números indicam que, embora os investidores ainda não tenham superado as más notícias do início do ano, como a possibilidade de racionamento de energia e os impactos da Operação Lava Jato na economia, o ingresso de recursos previsto para este ano deve cobrir praticamente todo o déficit das contas externas. A projeção é de US$ 80 bilhões de investimentos diretos e US$ 81 bilhões de déficit nas contas.
O investimento deve ficar praticamente estável em relação ao PIB. No ano passado, a entrada foi de US$ 96,9 bilhões, equivalente a 4,12% do PIB.
Impacto do dólar
Nesse quadro de queda da atividade e dólar mais caro, as importações devem cair, as exportação devem subir, as viagens para o exterior devem ser adiadas e as empresas devem remeter menos lucro para o exterior. Isso tudo contribui para um ajuste nas contas externas.
“As contas externas são impactadas, principalmente, pela alta do dólar e menor dinamismo da economia. Essa redução do déficit da conta corrente se reflete em várias contas como balança comercial, balança de serviços e rendas”, frisou o chefe do departamento econômico do BC, Túlio Maciel.