Metade dos produtos que saíram do Brasil no primeiro trimestre eram itens básicos. 84% do que o país importou são de produtos industrializados. O descompasso no comércio exterior brasileiro não para por aí: nesses três primeiros meses do ano, o superávit da balança comercial atingiu US$ 10,5 bilhões. E a tendência é de que esses números continuem. Instituições financeiras ouvidas pelo BC projetam saldos superiores a US$ 40 bilhões anuais até 2022.
“O Brasil exporta alimentos e importa maquinário”, resume Elmer Justo, diretor de logística da Medlog. Estas situações obrigam a uma constante ‘dança’ de contêineres. Transportadoras marítimas tentam gerenciar o problema, trazendo, inclusive contêineres da China. Mas, volta e meia, alguém tem dificuldades para embarcar cargas. Foi o caso dos cafeeiros do Espírito Santo e dos exportadores de pedras ornamentais do Ceará no ano passado.
O problema se acentuou com a crise econômica. Segundo Andrew Lorimer, da consultoria Datamar, a forte desaceleração da economia em 2015 e 2016 contribuiu para reduzir as importações e, por consequência, a entrada de contêineres no Brasil. Um detalhe, o país não os produz.
Entre 2012 e 2017, as compras de mercadoria do exterior caíram 37,1%, segundo dados do Ministério da Economia. No ano passado, o Brasil importou US$ 181,2 bilhões, o mesmo nível de 2010.
As estratégias das empresas
Esta situação está obrigando as empresas a adotarem estratégias variadas, como trazer contêineres vazios de fora do país ou a investir em alternativas que possibilitem o aproveitamento de contêineres para outros tipos de cargas. Um dos principais problemas são os contêineres refrigerados, uma vez que o Brasil é um dos maiores exportadores de carne do mundo.
A MSC, uma das maiores empresas de transporte marítimo do mundo, está usando uma subsidiária, a Medlog, para tentar controlar a falta de disponibilidade de contêineres. “De onde estiver sobrando contêineres mandamos para o Brasil. Já chegamos a trazer da América Central. Cada mercado tem uma necessidade diferente”, diz o executivo.
A Maersk, outra das grandes empresas mundiais de transporte marítimo, traz contêineres vazios da China. O motivo não é só o descompasso entre exportações e importações. Mas também que um quinto das operações da transportadora tem por origem ou destino a segunda maior economia global.
“Isto implica em custos adicionais. Um problema desses só se resolve com o equilíbrio na balança comercial”, diz Matias Concha, gerente de produto da Maersk para a Costa Leste da América do Sul.
A Brado, operadora logística que tem 3 mil contêineres, desenvolveu parcerias para evitar o problema de disponibilidade. “O desequilíbrio entre exportações e importações obriga ao reposicionamento deles, o que acaba sendo um custo a mais”, diz o diretor comercial, Marcelo Saraiva.
Outra estratégia utilizada pela empresa foi a implantação de uma estrutura para lavar contêineres, no terminal de Cambé (PR). Os trens saem de Paranaguá, carregados com fertilizantes e retornam com produtos para exportação.
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