Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Ataques

Contra a China, Google recorre à espionagem

Sede da National Security Agency, em Maryland: número de funcionários da agência americana é confidencial, mas imagens mostram 18 mil vagas de estacionamento | NSA
Sede da National Security Agency, em Maryland: número de funcionários da agência americana é confidencial, mas imagens mostram 18 mil vagas de estacionamento (Foto: NSA)
O governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, e o presidente do conselho do Google: Eric Schmidt: empresa busca apoio político para combater os ataques contra suas bases de dados |

1 de 1

O governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, e o presidente do conselho do Google: Eric Schmidt: empresa busca apoio político para combater os ataques contra suas bases de dados

O Google procurou Agência Na­­cional de Segurança (NSA, na sigla em inglês), em busca de as­­sistência técnica para aprender mais sobre os hackers que quebraram a segrurança da empresa no ano passado. A informação foi dada por uma pessoa que participou diretae do acordo. A cooperação entre o Google, maior empresa de buscas do mun­­­do, e a agência do governo americano responsável pela vigilância eletrônica levanta questões a respeito de assuntos ligados às liberdades civis e também dú­­vidas a respeito do quanto o Google sabia sobre roubos quando declarou que poderia encerrar suas operações na China, em ja­­neiro. Segundo a empresa, os ataques teria sido originados naquele país.A NSA não tem autoridade para investigar atos criminais dentro do país, diferentemente do Departamento de Segurança Interna. Ao buscar apoio da agência, a empresa está claramente evitando ter seu mecanismo de busca, e-mail e outros serviços web regulados pelo governo co­­mo parte da "infraestrutura crítica" da nação. O governo dos Esta­dos Unidos tem se preocupado crescentemente com a vulnerabilade a ataques cibernéticos dos sistemas de distribuição de água e energia e das redes de comunicações e do sistema financeiro. Em 12 janeiro, o Google anunciou em um website corporativo uma nova política para a China, declarando que os ataques eram "altamente sofisticados" e vieram da China. Naquele momento a empresa deu poucos detalhes dos ataques, além de afirmar duas coisas:

- um roubo de sua propriedade intelectual havia ocorrido;

- o objetivo principal dos hackers era ganhar acesso às contas de ativistas de direitos humanos chineses no Gmail.

Com seus contatos com a NSA, que tem uma tremenda capacidade de monitorar o tráfego global de informações na internet, a com­­panhia espera obter mais informações sobre a identidade dos atacantes. Um grupo de consultores de segurança que trabalharam em empresas que sofreram ataques similares afirmou que o sistema de segurança foi controlado por uma sére de computadores baseados em Taiwan. Até agora não ficou claro como o Gogle determinou que os ataques fo­­ram originados na China.

Uma porta-voz disse que a empresa não comentaria nada mais no caso, além daquilo que foi divulgado no mês passado. Na NSA, uma porta-voz disse que a agên­­cia "não pode tecer comentários sobre relações especídicas que podemos ou não ter com companhias americanas". Mas acrescentou que a NSA trabalhou com "uma ampla gama de parceiros comerciais para assegurar a segurança de sistemas de informação.

A responsabilidade da agência de garantir o funcionamento das redes de computador do governo é quase certamente uma outra razão para o Google tê-la procurado, segundo James A. Lewis, diretor do Centro de Estudos Estratégi­­cos e Internacionais. Lewis, em especialista em segurança de redes já trabalhou com o governo federal americano, observa que esse é o outro lado da NSA: o de um serviço de segurança que toma medidas defensivas. "Não é incomum as pessoas irem à NSA e dizer ‘por favor, dê uma olhada no meu código’", diz.

O acordo com o Google não permite que a agência tenha acesso a informações peretencentes a usuários dos serviços da empresa, mas reabre antigas questões so­­bre o papel da agência. "Google e NSA estão formalizando um acordo secreto que pode ter impacto na privacidade de milhões de usuários de serviços e produtos da empresa em todo o mundo", disse Marc Rotenberg, diretor executivo da Electronic Privacy Informa­tion Center (Centro de In­­forma­ções sobre Privaci­dade Eletrôni­ca), uma or­­ganização com se­­de em Washing­­ton. Na quinta-feira, o centro en­­trou com uma ação contra a NSA, pedindo a divulgação de informações so­­bre o papel da agên­­cia em dois documentos confidenciais emi­­tidos presidente George W. Bush em 2008, que tratavam da segurança de dados e da vigilância cibernética.

As preocupações com a cibersegurança cresceram grandemente nos últimos dois anos. Na terça-feira passada, o diretor na­­cional de inteligência, Dennis C. Blair, começou seu relatório anual ao Congresso afirmando que a ameaça de um ataque maciço às telecomunicações e a outras re­­des de computadores estava crescendo. Ele disse ainda que m grupo de inimigos cada vez mais sofisticado estava ameaçando severamente os frágeis sistemas da infraestrutura de co­­municações do país. "Ciberativi­da­­de maliciosa está ocorrendo em uma escala sem precedentes, com ação extraordinária", disse ele a um comitê do Congresso.

O tipo de relação que a NSA estabeleceu com o Google é conhecido como "acordo de pesquisa cooperativa e desenvolvimento", segundo uma fonte do The New York Times Esse tipo de acordo foi criado como parte de uma lei de 1986 (o Ato de Transferência de Tecno­­logia Federal) e é, essencialmente, um contrato escrito entre uma empresa privada e uma agência governamental, para que ambas trabalhem juntas em um projeto específico. Contratos como esse tinham a intenção de acelerar a venda de tecnologia desenvolvida pelo governo.

Além da NSA, o Google trabalhou com o FBI (a polícia federal americana) no inquérito sobre o ataque, mas a corporação não comentou publicamente nenhuma informação a respeito.

A NSA foi criada em 1952, a princípio para lidar com criptografia e transmissões em código, em especial pela coleta e análise de dados estrangeiros –ou seja, espionagem. Desde 2008 ela é também responsável pela proteção às comunicações do próprio governo americano. Dados obre a agência são secretos, mas fotos da sede da agência, em Fort Mead, estado de Maryland, mostram 18 mil vagas de estacionamento. A direção da NSA é um cargo confiado a militares, e normalmente cabe a um general de três estrelas ou a um vice-almirante.

Tradução: Franco Iacomini

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.