Habituada a pregar ajuste fiscal e reformas estruturais como forma de enfrentar crises econômicas, a diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde, deu nesta quinta-feira (2) uma sugestão diferente sobre o que mais pode ser feito para evitar novos colapsos no sistema financeiro.
Para ela, parte da solução passa também pela maior inserção feminina no quadro de funcionários e executivos dos bancos.
"Não tenho nada contra os homens, mas sempre acreditei que uma composição mais equilibrada faria bem. O setor financeiro, como muitos outros, iria se beneficiar da forma diferente de avaliar riscos que as mulheres podem trazer à mesa", afirmou Lagarde durante palestra no 43º Simpósio da Universidade de St. Gallen, na Suíça.
A declaração foi dada em resposta a uma participante do evento que a questionara sobre como a nova geração pode ajudar a fortalecer o sistema financeiro e a evitar crises como a que assola a Europa, com consequências também para outros países.
"Eu acredito que o sistema financeiro iria operar e se comportar de uma maneira melhor se contasse com mais mulheres", disse Lagarde, que foi ministra de Finanças da França antes de se tornar a primeira mulher a dirigir o FMI.
"Portanto, se você gosta de finanças, candidate-se para trabalhar no setor financeiro, mantenha-se firme no seu propósito e não desista", disse ela à participante.
Durante a palestra, Lagarde também voltou a insistir em outros pontos mais ortodoxos para enfrentar a crise, como a austeridade (que chamou de "consolidação fiscal") e as reformas estruturais, além de uma regulação mais eficiente do setor bancário.
Em linha com uma atitude mais branda do fundo nos últimos meses, porém, ela fez questão de ressaltar que a consolidação fiscal deve ser adotada "apenas onde for necessária". Recentemente, a diretora-gerente do FMI criticou o Reino Unido por medidas excessivas de austeridade, com consequências negativas para a economia. Em relação à necessidade de maior regulação do setor financeiro, a diretora-gerente do FMI disse que, se a Europa já contasse com um órgão comum de supervisão bancária, a crise em Chipre poderia ter sido evitada. "Os dois bancos cipriotas em estado de insolvência teriam sido detectados", disse.
Para evitar o colapso dessas instituições, o governo do país recorreu à ajuda da troica (FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia), num pacote que inclui uma série de medidas de ajuste e o confisco de parte dos depósitos bancários da população.
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