Para não paralisarem totalmente suas atividades depois que os bancários iniciaram uma greve nacional na segunda-feira, os bancos estão adotando estratégias que vão de transporte aéreo para os funcionários a "bunkers antigreve", locais onde os sindicatos não podem fazer piquetes. No entanto, esses funcionários que seguem trabalhando podem fazer muito pouco, ou quase nada, para resolver os problemas dos clientes, pois suas funções são de caráter mais burocrático.
Os moradores da região do Centro Administrativo do HSBC no Xaxim, bairro da região sul de Curitiba, já sabem que em dias de greve de bancários o vaivém de helicópteros é intenso na região. A assessoria de imprensa do HSBC afirma que o banco busca todas as formas necessárias para manter o funcionamento dos serviços bancários para seus clientes, inclusive com o uso de helicópteros, como um "plano de contingência".
Para o Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana, o banco recorre ao medo que os funcionários têm de serem demitidos por participarem da greve. O sindicato informou que fecha os portões dos centros administrativos para que os funcionários possam justificar a falta ao trabalho, mas os bancos conseguem meios para manter suas instalações em funcionamento. "É uma atitude antissindical e é refutada pelo sindicato. Além de não respeitar o direito de greve, coloca a vida dos bancários em risco. Ano passado conseguimos suspender na Justiça o transporte aéreo e neste ano já solicitamos novamente", ressalta o presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana, Otávio Dias. O HSBC informa que a empresa tem a aprovação dos órgãos policiais e da Aeronáutica para usar os helicópteros.
Nem todas as medidas tomadas pelos bancos são tão visíveis. Uma funcionária de um banco da capital, que preferiu não se identificar, contou que os bancos têm estrutura para furar a greve. "Nós somos deslocados para postos de atendimento dentro de órgãos públicos, porque os sindicalistas não podem fechá-los. Além disso, vamos também para pontos de atendimento dentro de empresas e por vezes nos encontramos em hotéis da cidade para reuniões", afirma.
Há ainda informações de que os funcionários de alguns bancos da capital são levados para "esconderijos", geralmente locais que não chamam a atenção dos dirigentes sindicais, ou têm os ramais do escritório direcionados para seus celulares, fazendo com que os trabalhos possam continuar de outros pontos. "É mais uma pressão sobre os trabalhadores, como se não bastassem o assédio moral e as metas do dia a dia. Isso só mostra a intransigência dos banqueiros", reclama Dias, do sindicato.
Os bancários pedem reajuste de 12,8% (inflação mais 5% de aumento real) e os bancos oferecem 8%. Não há data definida para uma rodada de negociações e a greve segue por tempo indeterminado nos 26 estados do país, além do Distrito Federal.
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