A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) diz que a compra do ABN Amro pelo Santander levará a uma pressão por demissões em larga escala no Brasil.
O consórcio dos bancos Santander, RBS e o Fortis anunciou ontem a compra oficial do ABN Amro na e deve assumir o comando do banco até a próxima quarta-feira, na maior aquisição bancária da História. O trio já manifestou a intenção de demitir 19 mil funcionários em todo o mundo, mas não deu números específicos sobre o Brasil.
Segundo Deise Recoaro, a representante da Contraf e funcionária do ABN, a união dos grupos levará a uma sobreposição de 15 mil a 20 mil cargos no Brasil. Juntos, os bancos têm 55 mil empregados, sendo 32,3 mil o ABN (dono do Real) e 22,6 mil o Santander.
- Houve um anúncio de demissões, há uma sobreposição de cargos e, historicamente, esse tipo de fusão tem conseqüências negativas para o trabalhador no Brasil - diz Recoaro.
Mas ela evitar projetar números e acha elevada a estimativa de corte de 1,5 mil empregos, já feitas por algumas entidades.
Em comunicado aos acionistas, o Santander informou que os cortes serão mínimos pois há uma complementariedade geográfica e de perfil entre os bancos.
A Contraf teme que um número considerável das intenções de corte recaia sobre o Brasil. Recoaro lembra que os países europeus têm leis trabalhistas mais rígidas e sindicatos fortes para barrar demissões em larga escala. Já na América Latina, as proteções ao trabalhador são mais fracas. E é no Brasil que os bancos têm peso maior entre os países da região.
Apesar disso, a representante da Contraf diz acreditar que a intenção de demissões possa ser, pelo menos em parte, revertida por um trabalho conjunto dos sindicatos de trabalhadores tanto do Brasil quanto do exterior. Ela lembra que o anúncio de intenção de corte antes da compra torna o negócio mais atrativo.
- Há um extrapolamento de jornada (funcionários fazendo hora extra), por exemplo. Acredito em alternativas para resolver o problema - diz.
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