O grupo controlador da Taurus Armas aproveitou o pregão desta terça-feira (15), em que houve movimentação recorde de ações, para reduzir participação na companhia e embolsar cerca de R$ 10 milhões. Na sessão, os papéis recuaram mais de 20%, perda que se repete nesta quarta-feira (16).
A Taurus divulgou comunicado ao mercado nesta quarta (16) em que detalha a operação. A Tauruspar Participações vendeu 260 mil ações ordinárias e 923 mil papéis preferenciais na véspera. Considerado ao preço médio de negociação das ações da companhia no dia (R$ 8,2229 e R$ 7,8491), o controlador pode ter embolsado R$ 9,38 milhões.
Com a movimentação, a Tauruspar agora tem e 61,24% da companhia, ante 62,82% detidos anteriormente.
No comunicado, a Taurus diz que a transação foi efetuada para obtenção de recursos financeiros e não objetiva alterar a composição do controle ou a estrutura administrativa da companhia.
A Taurus tem o monopólio de armas no país, e as ações passaram por um movimento de forte valorização com a expectativa de que o governo de Jair Bolsonaro (PSL) ampliar o mercado da companhia. A disparada dos papéis iniciou ainda no ano passado, conforme o cenário eleitoral se desenhava de forma favorável ao então deputado.
Nesta terça (15), Bolsonaro assinou um decreto que facilita a posse, mas não o porte de armas. Comprar e ter arma em casa pode ficar mais fácil, mas não andar com ela na rua. Após a assinatura do decreto, as ações que subiam mais de 10% passaram a cair.
No ano passado, movimento semelhante foi relatado por analistas. “Dá para fazer inferência de que nem o controlador está acreditando que a expectativa é tão animadora quanto o mercado acredita”, disse na terça Glauco Legat, analista-chefe da Necton.
Nesta terça (15), o volume financeiro negociado dos papéis preferenciais (sem direito a voto) superou os R$ 180 milhões, ante média histórica de R$ 15 milhões. Foi maior que o recorde de R$ 124 milhões registrado em outubro do ano passado, já na esteira da euforia com a chance de eleição de Bolsonaro.
Analistas atribuíram o movimento a embolso de lucros após a forte disparada em um cenário não tão favorável para a companhia. Isso porque apesar da possível ampliação do mercado, considerada tímida pela medida, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM) afirmou que o governo segue estudando a abertura do mercado para concorrentes estrangeiros.
A situação financeira da Taurus é considerada delicada por analistas do mercado financeiro. O endividamento é elevado e o faturamento está relativamente estável pelo menos desde 2013.
No terceiro trimestre de 2018, a Taurus faturou R$ 192,3 milhões, crescimento de 3% na comparação com igual período de 2017. O lucro foi de R$ 48 milhões, ante um prejuízo de R$ 18,5 milhões no terceiro trimestre de 2017.
A dívida líquida da companhia era de R$ 887,5 milhões também no terceiro trimestre.