A compra do grupo TIM pela espanhola Telefónica é uma séria ameaça ao consumidor brasileiro. Essa é a avaliação da jornalista Miriam Leitão .
Segundo Miriam, "o negócio produz uma concentração enorme no mercado de telefonia e fere diretamente as leis brasileiras". O maior problema é a redução da concorrência, após várias aquisições de um grupo por outro. "O risco que esse negócio representa é enorme; o consumidor brasileiro está ficando encurralado. Só a Anatel pode impedir que os reflexos do negócio seja mais concentração no mercado brasileiro", completa a jornalista.
A Pirelli anunciou no sábado a venda de sua participação na Telecom Italia à Telefónica associada a um grupo de bancos italianos, que serão os acionistas majoritários da empresa, assegurando desse modo que o controle fique em mãos italianas, como desejava o governo da Itália. O acordo encerra meses de tensões entre o Executivo italiano e a Pirelli, que deixa a empresa de telecomunicações após perder mais de 3 bilhões de euros em investimentos feitos há seis anos.
Com o negócio, o presidente da Telefónica, Cesar Alierta, vence a queda-de-braço com seu arqui-rival Carlos Slim, o magnata mexicano dono da América Móvil - que tem a Claro no Brasil -, que também estava na corrida pela companhia italiana. Os dois executivos dominam o mercado de telefonia na América Latina e ambos concorrem com a Telecom Italia no Brasil.
O entusiasmo da Telecom Italia em se associar à espanhola fez com que a Telefónica pagasse 2,82 euros por ação, o mesmo preço oferecido pela Telmex e América Móvil, que são as grandes concorrentes da Telefónica na América Latina. Inicialmente, a Telefónica esperava desembolsar até 3 euros por ação para fazer a aquisição.
A Telefónica, os bancos italianos Mediobanca e Intesa Sanpaolo, a seguradora Generali e uma companhia de investimentos da família Benetton, Sintonia, compraram a Olimpia da Pirelli por 4,1 bilhões de euros (US$5,6 bilhões). Será formada uma nova empresa, chamada Telco, que incluirá a participação de 18% da Olimpia na Telecom Italia, além dos 4% da Generali e 1,6% do Mediobanca, totalizando 23,6% da maior empresa de telecomunicações da Itália.
A Telefónica pagará 2,31 bilhões de euros por 42,3% da Telco, o que garante à empresa uma participação indireta de 10% na Telecom Italia, e escolherá dois dos 15 conselheiros de administração de TI.
Os investidores italianos possuirão 57,7% da nova empresa e escolherão o presidente, o que acalmou o governo do primeiro-ministro, Romano Prodi, que afirmou em diversas ocasiões preferir que a Telecom fosse controlada por acionistas nacionais.
América Móvil tentou sem sucesso
A América Móvil se uniu, no início do mês, à americana AT&T, na tentativa de adquirir o controle da Telecom Italia. Cada uma apresentou uma proposta por um terço do grupo italiano. No entanto, diante das resistências do governo italiano, preocupado com a desnacionalização da principal operadora de telefonia do país, a companhia americana desistiu do negócio. Slim começou então a procurar sócios italianos para voltar à carga. Mas o rival espanhol foi mais rápido. Desde o ano passado, o presidente da Pirelli, Marco Tronchetti, vem procurando um comprador da participação da empresa na Olimpia.
A Pirelli espera que o acordo seja fechado em outubro. Com ele, a Generali terá 28,1 por cento da Telco, o Mediobanca 10,6 por cento, o Intesa Sanpaolo 10,6% e a família Benetton - que possuía 20% da Olimpia -, 8,4%.
A nova empresa deterá um capital de 5,14 bilhões de euros e espera vender novas ações por 900 milhões de euros, em uma fase posterior, a investidores financeiros italianos.
A Telefónica é quinta maior companhia de telecomunicações do mundo e é a principal empresa do setor nos mercados de língua espanhola e portuguesa.
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