As mais de 70 empresas que sinalizaram novos negócios no Paraná, de olho também nos incentivos fiscais do programa Paraná Competitivo, os bons resultados da Copel já no primeiro trimestre e uma pequena redução, em termos mensais, no rombo da Ferroeste dão, segundo especialistas, mais credibilidade ao governo de Beto Richa. Mas são resultado muito mais da localização geográfica privilegiada do estado e da postura aberta de diálogo do atual mandato do que, efetivamente, de obras concretas, principalmente no que diz respeito à atração (ou sinalização) de novos investimentos.
Confira no aplicativo o andamento das promessas
Na secretaria de Infraestrutura e Logística, comandada pelo irmão do governador, José Richa Filho, a maior parte das metas muitas apontadas como essenciais há mais de uma década pelo empresariado paranaense ainda são apenas intenções e uma minoria, projetos no papel.
Richa Filho fala da criação de centros de distribuição e integração de modais para o escoamento da produção do estado, mas admite que ainda não tem um plano que reúna e situe tudo isso no mapa do Paraná. "A Ferroeste começou isso mais fortemente, com o novo ramal de Maracaju (MS) a Paranaguá em estudo pela [estatal federal] Valec e a elaboração de um plano que começa a sinalizar alguns desses centros, mas ainda não temos algo fechado, com todas as áreas", afirma o secretário.
Ele diz que o momento tem sido de conversar e obter a colaboração de órgãos federais para a realização dos projetos do Paraná. No caso dos 40 aeroportos do estado, qualquer investimento dependerá da elaboração do Plano Aeroviário, exigido pela Secretaria Nacional de Aviação Civil como base para qualquer liberação do recém-criado Programa Federal de Auxílio a Aeroportos (Profaa).
Na principal área econômica do estado, o agronegócio, vive-se de expectativas (veja mais ao lado). O setor diz que seis meses são mesmo pouco para implantar algumas medidas e que muitas informações têm sido trocadas entre setor e governo. "Mas é indispensável que as coisas aconteçam na prática o mais breve possível, sob pena de o Paraná perder ainda mais a sua competitividade", avalia o presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski.
Entrevista
José Richa Filho, secretário estadual de Infraestrutura e Logística.
Em campanha, Beto Richa prometeu recuperar a competitividade do Porto de Paranaguá em seis meses. Como o senhor avalia essa promessa?
Acho que, aos poucos, já recuperamos a credibilidade do porto e tivemos bons resultados com a dragagem dos berços, mas ainda há muito o que fazer. Precisamos de cerca de R$ 2 bilhões para reestruturar e ampliar o terminal e temos todo um projeto logístico para escoar a produção do Paraná até o porto. Tudo isso ainda está em fase de estudos e conversação, mas caminha em paralelo. No momento, nosso foco principal é a continuação do processo de dragagem e aprofundamento do canal de acesso e a reativação do Porto de Antonina.
Além da ampliação da Ferroeste e dos investimentos no Porto, que outro ponto de infraestrutura é prioridade para o governo estadual?
Diante das conversas com o governo federal percebemos uma forte inclinação de investimentos no transporte hidroviário. O Paraná, por sua localização estratégica, inclusive para o Mercosul, teria um papel importante nisso, sobretudo no Oeste, com uma aposta na região de Guaíra, às margens do Rio Paraná, como ponto de integração com outros modais. Vamos ficar de olho nisso também.